Um dos fenômenos sociais mais gritantes de nossos tempos é a realidade dos refugiados, pessoas forçadas a deixar suas regiões de origem por motivos de guerra, perseguição, violência e violação aos direitos humanos. Eles chegam, em centenas, aos milhares, a pé ou de navio, famintos, doentes, feridos, fragilizados, em busca da sobrevivência
Desde agosto de 2017, quase 1 milhão de pessoas da etnia rohingya chegou em Bangladesh fugindo de Mianmar. Eles se somam às centenas de milhares que já estão no país vizinho morando em campos de refugiados improvisados. Mais da metade dos rohingyas que fugiram são mulheres e meninas, 60% crianças e jovens com menos de 18 anos. Eles carecem de tudo: comida, água limpa e abrigo para sobreviver, mas acima de tudo, precisam se sentir seguros.
Nos campos de refugiados, estão vivendo em barracas, em assentamentos improvisados e superpopulosos. As condições são completamente inadequadas e insalubres, com banheiros entupidos e água contaminada. Os campos não são iluminados, se tornando perigosos durante a noite – mulheres, meninas e crianças estão particularmente vulneráveis ao abuso, exploração e tráfico.
Não bastasse a situação já complicada, a chegada da época das fortes chuvas (monções) provoca inundações e deslizamentos de terra, piorando as condições nos assentamentos e aumento os riscos de doenças.
Bangladesh, o país que os acolhem, é quase do tamanho do estado do Ceará, no Brasil, mas concentra 164,7 milhões de pessoas, segundo o governo local. Em números absolutos da população, fica atrás da China, da Índia e do Brasil, por exemplo.
Quem são os rohingyas
Eles habitavam no oeste da antiga Birmânia, hoje Mianmar. Segundo depoimento de seus representantes, eles estão na região desde o século XII. Falam um dialeto próprio e diferente.
Perderam seus direitos não sendo reconhecidos como cidadãos, porque segundo a lei no país, somente os grupos étnicos que podem demonstrar sua presença no território antes de 1823 – data da primeira guerra para colonização da região pelos ingleses – podem obter a nacionalidade birmanesa.
Desde 2012 que se registra atos violentos entre budistas e muçulmanos. Um movimento de monges nacionalistas entrou em confronto com o grupo, por considerar que os muçulmanos representam uma ameaça para Mianmar, um país com mais de 90% de sua população budista. Assim, os rohingyas, identificados, em sua maioria, como mulçumanos, perderam o “espaço” na terra natal. Por décadas o grupo vem pedindo refúgio, sobretudo em países como Bangladesh, Malásia, Índia e EUA.
Refugiados no Brasil
Segundo dados da ONU, atualmente, mais de 70 milhões foram forçados a sair de sua região. O Brasil não recebeu refugiados rohingyas, mas registrou cerca de 80 mil novos pedidos de refúgio em 2018 – mais que o dobro dos 33,8 mil requerimentos de 2017. Já registra mais de 100 mil com previsão deste número dobrar até o final do ano de 2019. O aumento coloca o país como o sexto que mais recebe solicitações do tipo. Os dados são de um estudo recente apresentado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas (Acnur).
A crise na Venezuela, segundo o Acnur, impulsionou os números brasileiros: mais de 75% dos requerimentos de refúgio ao Brasil foram feitos por venezuelanos. Em segundo lugar, houve cerca de 7 mil solicitações de cidadãos do Haiti às autoridades brasileiras.
Referência:
Oxfam.org.br; G1 DF – 18/05/2019; ONU (Acnur)