A conta de água pode vir mais alta para o manhuaçuense. Após consulta pública e o estudo de atualização tributária, realizados pelo Cisab (Consórcio Intermunicipal de Saneamento Básico da Zona da Mata de Minas Gerais), que é o órgão que regula os preços dos serviços de água e esgoto em diversos municípios da Zona da Mata, o SAAE deverá reajustar a tarifa em 16%.
O Chefe da Seção de Contabilidade, Aureo Adriano da Silva, explica que o reajuste acontece devido aos gastos do SAAE ao longo de 2019. “Essa nova cobrança de água, desde o ano passado, que é a TBO (Tarifa Básica Operacional) mais o valor do consumo real. O Cisab esteve no SAAE, para fazer a avaliação dos investimentos realizados e os que precisamos fazer neste período e chegou ao valor do reajuste na receita de 21% onde, jogado nas tarifas, chegamos ao reajuste médio de 16%”.
O Cisab-ZM é uma associação pública, composto por municípios da zona da mata de Minas Gerais, que apóia aos serviços de saneamento básico de cada um dos municípios consorciados. Dentro do processo, o órgão realiza uma consulta pública e um estudo sobre os gastos no saneamento básico da cidade, a fim de deliberar ou não o reajuste das tarifas. Após a consulta, a proposta é levada à diretoria do Cisab para que seja homologada a mudança. Caso aprovada, o SAAE ainda tem mais um mês para aplicar o reajuste na tarifa.
O diretor da SAAE, Luiz Carlos Carvalho, explica que o reajuste é importante dentro dos investimentos da autarquia. “O dinheiro vem pra suprir as necessidades de manutenção do SAAE. Esse reajuste acontece para que possamos manter o sistema rodando, porque nós temos um sistema velho, com redes de até 50 anos, que estamos tentando fazer a manutenção e é como você fazer remendo de tecido novo em calça velha, ele vai rasgar ali na frente. O que estamos tentando fazer é trocar o máximo possível de rede velha para atender a população. Esse reajuste não dá o ganho necessário para o próximo ano.”.
População questiona o aumento
De acordo com a autarquia o dinheiro do reajuste será para suprir as necessidades de manutenção da rede. No entanto, a possibilidade de um aumento nas contas deixa a população preocupada. A moradora do bairro Matinha, Vanessa da Silva, diz que serviço prestado tem deixado a desejar em alguns pontos. “Esses dias que está caindo água direitinho, mas quando falta, a gente fica 7, 8 dias e, quando vem cair água, roda muito ar nos canos e a conta vem muita alta. E quando vai lá no SAAE reclamar eles mal te atendem. Outro ponto é o preço. Até pra ligar uma água direta, igual a gente que mora aqui na parte mais alta, é R$ 300,00 reais para fazer o serviço. Eu acho isso um absurdo. Quando falta, a gente paga mais caro do que quando tem”, relata.
No bairro São Francisco de Assis, a moradora Leidiane de Souza conta que a situação fica complicada quando falta água no bairro. “A gente fica uns 3, 4 dias sem água. Nós temos que sair daqui, levar balde, litro, e descer pra buscar água lá na mina. É um absurdo isso, não acho justo”.
O também morador do bairro Matinha, Presley Barbosa, reforça que o aumento deve ser investido para melhorar o serviço. “Se vier, de fato, a atender as necessidades e as demandas do bairro, acredito que haja sim um motivo para o reajuste. Nosso bairro sofre com a falta recorrente de água, somos afetados por muito tempo sobre essa questão. Nós queremos ver a efetividade desses equipamentos os quais eles alegam estar destinando esse dinheiro”.
Consumo
Numa família composta por 4 pessoas, o consumo médio em Manhuaçu é de 5m³/mês. Na conta atual equivale a R$18,43, com o reajuste esse valor chega a R$22,40, um aumento de R$ 3,03. Para os beneficiários da Tarifa Social, o reajuste mantém a porcentagem, dentro dos descontos que o programa já concede. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), diz 110 litros de água por dia é o suficiente para suprir as necessidades básicas de uma pessoa. No Brasil, segundo o Ministério das Cidades, o consumo médio foi de 154 litros de água por pessoa.
João Vitor Nunes – Tribuna do Leste