A colheita de café sempre é um período especial para muitos trabalhadores da região. A possibilidade de ganhos que permitam melhorar o orçamento familiar faz com que algumas pessoas até deixem empregos formais na cidade para ir às roças participar da “panha”.
No entanto, é época também de grande perigo, especialmente por conta dos possíveis acidentes envolvendo cobras e aranhas. Isso leva muita gente a se preocupar com o estoque de soro antiofídico em seus municípios, algo que, comprovadamente, se tornou um problema nas principais cidades produtoras.
Na última semana, um lavrador, morador de Caratinga foi picado por uma cobra, quando trabalha na colheita do café. Encontrando dificuldade de atendimento na sua cidade, o homem teve que deslocar até Manhuaçu para receber o soro antiofídico.
O acidente aconteceu na quinta-feira (06/06), com Milton Rodrigues Gomes, de 43 anos, que estava colhendo café, em uma lavoura situada no Córrego do Lage, próximo ao distrito de Santa Luzia. Quando o homem iniciava os trabalhos pela manhã, ele acabou sendo picado por uma cobra.
O lavrador identificou o animal peçonhento como uma Jaracuçu. Após ser picado, ele logo se deslocou para Unidade de Pronto Atendimento de Caratinga (UPA), onde ele relata que ficou em observação por cerca de 1h30 aguardando a medicação, mas depois de todo esse tempo veio à surpresa, o local não possuía o antídoto para veneno de cobra.
Sem nenhuma alternativa dada pela unidade de saúde, senhor Milton precisou buscar atendimento fora de Caratinga. Foi necessário percorrer mais 80 km até Manhuaçu, onde ele foi prontamente atendido e medicado.
Milton chama a atenção do poder público de Caratinga em relação a falta de medicação. Por estar no período da colheita, várias pessoas estão submetidas ao mesmo risco de serem picadas, além de tudo não achar o atendimento necessário para tratamento.
Nossa reportagem procurou um especialista em segurança do trabalho para se informar quanto aos cuidados para se prevenir acidentes com animais peçonhentos durante a colheita de café.
Segundo Cleber Marcílio, o produtor rural é obrigado por lei fornecer equipamentos de EPI para seus funcionários, conforme a Portaria 191/2008 do Ministério do Trabalho de acordo com a atividade exercida.
“Para a colheita do café o empregador deve oferecer aos seus trabalhadores, os óculos de proteção, luvas, botas e perneiras, isso é o básico e exigir que o trabalhador use os equipamentos”, disse.
Os óculos de proteção é para evitar que pontas de galhos, e gravetos atinjam os olhos, as luvas, botas e perneiras, previne a picada de insetos e cobras nas mãos, pés e pernas.
Em caso de acidente
Caso aconteça algum acidente com picada de inseto ou cobra, seja na lavoura ou até mesmo dentro de casa, a orientação do Corpo de Bombeiros é de que procure imediatamente uma unidade de saúde mais próxima.
“Nunca use remédios caseiros, se puder ou tiver alguém apto a manusear e capturar o inseto ou o animal, faça isso, para que ele possa ser identificado e de imediato saber qual o medicamento indicado a ser administrado no paciente, seu for possível capturá-lo tente fotografá-lo, com um celular mesmo”, explicou Sargento Eduardo Dias, da 2ª Cia BM de Manhuaçu.
Lembre-se: Em caso de acidente com animais peçonhentos, procure imediatamente atendimento médico. Em alguns casos, os acidentes com animais peçonhentos necessitarão da utilização de soros para tratamento que são exclusivamente disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um médico pode ser capaz de realizar o diagnóstico do acidente através dos sintomas clínicos do paciente, sem a necessidade da presença do animal causador. Mas, quanto maior a quantidade de informações que o paciente puder apresentar ao médico, como o tipo de animal (serpente, aranha, escorpião e etc.) melhor será o diagnóstico.
Jailton Pereira