Chorume: do aterro sanitário às caixas de decantação em Manhuaçu
Do ponto mais alto da cidade, que demarca ser o limite dos Bairros Santa Terezinha e Pouso Alegre (Clube do Sol), acima de uma pequena mata, está a montanha de lixo que desenha o maior morro da cidade. Diariamente são depositadas toneladas de lixo, que são encaminhados ao aterro sanitário, que se responsabiliza pela decomposição de todo tipo de material encontrado em cada bairro da cidade.
Percebe- se que, ao longo dos anos são muitos os desafios que se apresentam para a administração no dia a dia, principalmente no que diz respeito aos passos necessários na adoção de medidas coerentes com o desenvolvimento visado. Com o passar do tempo, os problemas vão surgindo, os materiais vão se deteriorando e surge repentinamente o líquido produzido pelo lixo orgânico.
O chorume é de coloração escura e aparece com a decomposição do lixo doméstico, produzido também pelas empresas. Possui textura viscosa e forte odor característico, o resíduo pode se originar da umidade natural dos detritos, que aumenta no período de chuvas; da água proveniente da matéria orgânica; e das próprias bactérias encontradas no lixo, responsáveis por dissolver a matéria com a formação do líquido.
O forte odor e a coloração chamaram atenção da reportagem ao passar pelo local e ao observar na lateral da estrada de acesso à Usina de Compostagem foi possível observar que as caixas de contenção do resíduo estão quase no transbordo. Do outro lado há uma mata ciliar. Bem mais abaixo há também um condomínio, que em breve será habitado por muitas famílias. Por parte de pessoas que zelam pelo meio ambiente começa a preocupação, pois o resíduo pode afetar a parte baixa, onde existe um pequeno córrego, que deságua no início da Avenida Tancredo Neves e consequentemente chega no Rio Manhuaçu, no começo do Bairro Engenho da Serra.
A reportagem contatou com o presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (CMA), Kildare Brandão, para saber se há alguma medida para evitar o impacto ambiental. Segundo ele, o chorume é produzido a partir da matéria orgânica e pode afetar o lençol freático. “Há a necessidade de tomar medidas por parte dos órgãos ambientais. A nossa intenção para esse ano junto ao Conselho é o de propor alternativas, pois é crítica a situação e o descarte inadequado do lixão”, detalha Kildare Brandão.
O poder do resíduo no meio ambiente
De acordo com organismos ligados às questões ambientais, a composição do chorume é extremamente variável. Depende de fatores como as condições do ambiente local, o tempo de disposição do lixo, o modo como opera o aterro sanitário e até as características dos detritos descartados. Geralmente, o chorume se compõe de substâncias orgânicas (em especial nitrogênio orgânico e carbono) e também elementos inorgânicos, como cobre, cobalto, cromo, arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio.
O diretor do SAMAL, Romilson Barroso foi localizado pela reportagem “Tribuna do Leste”, para explicar o que está sendo feito e se a situação atual preocupa. Ele disse que tem buscado mecanismos para diminuir o impacto ambiental. Quanto às caixas de retenção segue orientação Polícia de Meio Ambiente e leis ambientais. Segundo o diretor, o SAMAL já encaminhou documentação à FEAM, manifestando adquirir uma área para um novo aterro sanitário. “O chorume evapora com o passar do tempo, mas não deixa de ser preocupante. Somente outro aterro e reflorestamento da área possibilitarão a redução do impacto ambiental”, considera Romilson Barroso.
Eduardo Satil – Tribuna do Leste