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Ainda respiramos o clima de Natal, tempo de reflexão, sobretudo, de esperança de um mundo melhor porque nos damos conta da presença do Menino-Deus, Príncipe da Paz, que veio preencher o universo de amor, fazer-nos experimentar a fraternidade até às ultimas consequências e crer que uma realidade nova de paz, de boa convivência, de solidariedade é possível.
Na liturgia do Natal (4º domingo Advento, propriamente dito) celebrávamos o Mistério de fé em torno de duas mulheres: Maria e Isabel.
Depois de receber o chamado de Deus, anunciando-lhe que seria a mãe do Messias, Maria se põe a caminho sozinha. Começa para ela uma nova vida, a serviço de seu Filho Jesus. Caminha “aceleradamente”, com decisão. Sente necessidade de compartilhar sua alegria com sua prima Isabel e de se colocar quanto antes ao seu serviço nos últimos meses de gravidez.
O encontro das duas mães é uma cena insólita. Não estão presentes os homens. Apenas duas mulheres simples, sem qualquer título ou relevância na religião judaica. Maria, que carrega Jesus consigo para todos as partes, e Isabel, que, cheia de espírito profético, ousa abençoar sua prima em nome de Deus.
Da cena bíblica para o nosso cotidiano deparamos que são muitas as mulheres que não vivem em paz. Aliás, muitas já não mais vivem porque foram vítimas da violência praticada pelos homens. O peso de uma história multi-secular, controlada e dominada pelos homens, impediram-nas de viver.
O ano de 2018 encerra com uma estatística muito ruim para a mulher. Ficou registrado que cresceu, absurdamente, o índice do feminicídio – mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero. A taxa de feminicídios no Brasil é a quinta maior do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos no país chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres
Ainda preenche os quadros de notícias ruins a respeito da mulher, a denuncia de crimes de estupro e violência sexual mediante fraude sobre o médium João de Deus, 76 anos. Centenas de mulheres foram vítimas. Foi preso (prisão preventiva, ou seja, sem prazo para terminar) depois das denúncias.
Do cotidiano voltemos à cena bíblica das duas mulheres, Maria e Isabel, que ensina aos homens e a toda a humanidade o valor da vida. Dos seus corpos, grávidos, brotam a vida em plenitude porque a criança que nasceu no Natal é o Salvador que nos resgatou do pecado e nos colocou em vida plena.
O Papa Francisco certa vez afirmou que “A mulher é a coisa mais bela que Deus fez (…)”. Cada mulher é um verdadeiro baú, repleto de belezas e de uma distinta sensibilidade e que merece todo nosso respeito e atenção.
“A mulher foi o último ser criado por Deus; foi o ápice da criação: cheia de beleza, meiguice, delicadeza, força espiritual; foi criada para ser mãe e esposa, carinhosa e sensível. Foi o coroamento da natureza. Ela é a imagem e semelhança mais sensível de Deus. A sua beleza e charme encanta o coração do homem, porque foi criada para ele. Há uma música que diz: “creio na mulher que se enfeita e se embeleza para ser a mais bonita criação de nosso Pai”.