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Médicas cubanas que atuam em Manhuaçu vão deixar o programa Mais Médicos

O governo cubano informou no dia 14 de novembro que estaria se retirando do programa social Mais Médicos do Brasil após declarações que considerou ameaçadoras e depreciativas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que anunciou mudanças no projeto.  O programa Mais Médicos tem 18.240 profissionais – sendo 8.332 cubanos. O governo brasileiro, por meio do Ministério da Saúde, já se movimentou e publicou no Diário Oficial da União da última terça-feira, 20, o edital com cerca de 8,5 mil vagas. Essas vagas, abertas para substituir médicos cubanos, são para profissionais brasileiros e estrangeiros que tenham registro no Conselho Regional de Medicina – CRM do Brasil. As 8.517 vagas estão distribuídas por 2.824 municípios e 34 distritos indígenas. Entre esses municípios está o de Manhuaçu, que atualmente conta com o trabalho de duas médicas cubanas.

Desde que o programa foi implantado na região em 2014, cinco médicos vindos de Cuba integraram o programa Mais Médicos em Manhuaçu. Os dois primeiros profissionais atenderam nos distritos de Sacramento e Santo Amaro. Atualmente as unidades básicas de saúde de Vilanova e São Pedro do Avaí contam com o trabalho de duas médicas estrangeiras. Em São Pedro do Avaí está Yamilet Larena Labrada, que trouxe toda a família para o Brasil e, segundo pessoas próximas, não pretende deixar o país mesmo diante da decisão do governo cubano. Ela deve pedir asilo político e em seguida tentar fazer o exame revalida na intensão de continuar atuando no Brasil. Dra. Yamilet atende em uma área com cerca de 3.800 pessoas, mas vai ter que deixá-los em breve.

No distrito de Vilanova são duas unidades do programa Mais Médicos e em uma delas trabalha a médica Yanet Camacho Sarmiento. Aos 27 anos ela cuida da saúde de 905 famílias, cerca de 2.580 pessoas. Dra. Yanet demonstra uma frustração em não permanecer pelo tempo planejado, mas se diz muito feliz com a possibilidade de rever os familiares que deixou em Cuba. Questionada sobre a questão salarial, onde a maior parte do que recebe fica com o governo do seu país, justifica dizendo que esse valor repassado é aplicado corretamente na educação e na saúde, onde todos os seus patriotas são assistidos gratuitamente. A jovem médica garante que ainda não foi informada da data que deve deixar o Brasil, porém já está preparada para voltar a Cuba. Não passa pela cabeça dela se desertar e afirma que tem garantias de que seu emprego está assegurado no seu país, inclusive no mesmo local que atuava antes de integrar o programa brasileiro. Pacientes da médica é que devem sentir falta. Alguns criaram uma relação afetiva muito grande e lamentam sua saída. “Ela é muito cuidadosa com a gente. Mesmo ela não falando bem a nossa língua, sempre foi muito atenciosa com todo mundo” – disse dona Maria Conceição Carvalho, aposentada. “Quem chegou até ela foi bem tratado e eu sou prova disso. Espero que quem vier para o lugar dela possa ter o mesmo cuidado com o nosso povo que precisa tanto” – acrescentou Marli Vieira, dona de casa.

A maioria dos médicos cubanos no Brasil continuam atendendo normalmente, inclusive Dra. Yamelet e Dra. Yanet. O edital lançado pelo governo brasileiro na última semana exige que os profissionais brasileiros que se inscreveram para preencher as vagas que serão deixadas pelos cubanos devem iniciar as atividades nos municípios a partir de 3 de dezembro com data-limite 7 de dezembro.
Durante essa semana que se inicia deve ser publicado um novo edital, com as vagas que não forem preenchidas, desta vez aberto também para médicos brasileiros e estrangeiros formados no exterior. O governo brasileiro já antecipou que cubanos que quiserem ficar no país poderão participar. O Ministério da Saúde também informou que vem fazendo reuniões com o Ministério da Educação para agilizar o Revalida, exame aplicado para médicos formados no exterior que pretendem exercer a profissão no Brasil.

Klayrton de Souza – Tribuna do Leste

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