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12 de agosto: uma história de superação entre pai e filho

Meu pai era um homem simples, mas teve grandeza. E o mais importante, ele torcia por mim. Para mim, esse é o significado maior de um pai. Alguém capaz de torcer, sempre, sem nenhuma condição, nenhuma imposição. Porque a única condição entre pai e filho deve ser sempre o amor”. Esse trecho foi retirado do depoimento do jornalista e escritor Walcyr Carrasco sobre seu pai, para o livro Grandes Amigos: Pais e Filhos. Não se nasce pai, torna-se pai. Criar e cuidar de uma criança são tarefas árduas que exigem esforço, tempo, dedicação, paciência. Por isso, não deve ser responsabilidade única da mãe. Quando o trabalho é dividido entre mãe e pai, além de ficar mais rico, ele fica mais fácil. Pai e mãe devem participar de todo o processo de desenvolvimento e a função paterna vai muito além de “ajudar” a mãe a cuidar dos filhos.

Neste domingo, 12, é celebrado o Dia dos Pais. Data em que os progenitores são lembrados em virtude das atitudes juntos aos filhos e filhas ao longo dos anos. O papel do pai na sociedade tem se transformado, sobretudo, nas últimas décadas. De fato, a “condição” de Pai evoluiu e continua em franco processo de evolução, devido às transformações culturais, sociais e familiares, passando pela fase em que os filhos eram propriedades do pai (com as mães quase sem direitos), e pela fase em que o pai era apenas o suporte financeiro da família. Isto porque é a partir da interação com o pai, que a criança começa a descobrir a relação com o mundo e a desenvolver mais segurança para explorá-lo.

E ter um filho com necessidades especiais significa ter um filho com carências diferentes das crianças típicas. Certamente algumas coisas são mais fáceis, outras nem tanto. Os pais de uma criança especial tentam fazer o que quaisquer pais naturalmente fariam: tudo o que for possível para ver seu filho feliz. Eles persistem porque alguém que amam muito precisa deles. Crianças com deficiência são como todas as outras crianças: pequenas criaturas que serão amadas incondicionalmente por seus pais. Quando não são fortes o suficiente, eles vão em busca dessa força. E nessa jornada em família, podem tropeçar, perder a paciência, buscar o equilíbrio, e se reinventar, afinal de contas são seres humanos.

Daniel Gracie é pai de Isaque, de 11 anos. O pequeno possui necessidades especiais e como progenitor, o trabalho de Daniel é amar, ensinar e lutar pela qualidade de vida de Isaque, e é isso que ele faz. Isaque surgiu na vida de Daniel há nove anos. Desde então, a vida de ambos começa mudou – com a realização de competições de rua e até subida ao Pico da Bandeira. Daniel explica que a rotina de ambos começa pela manhã com a arrumação do garoto para ir Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), seguido de almoço com o pai, e o retorno para a instituição. Daniel sai do trabalho e, na maioria das vezes, pega Isaque na escola, e, posteriormente, ele fica com o filho até ele dormir. Além da rotina padrão, Daniel acompanha o filho nas atividades de hidroterapia, fisioterapia e outros atendimentos que o garoto recebe, preenchendo assim o tempo de Daniel. “Sobrecarrega a agenda, mas é motivo de alegria e graças a Deus eu tenho visto progresso. Me dedico à vida do Isaque e em contrapartida Deus tem nos abençoado. Quando eu ganhei o Isaque ele tinha dois anos de idade. Quem viu ele com dois anos e o conhece com onze percebe o seu progresso. E essa evolução é fruto do meu esforço, da minha família e dos amigos que contribuem para isso. O Isaque nem falava e hoje ele consegue proferir quatro ou cinco palavras”, explica.

E das palavras ditas por Isaque, a que mais comove Daniel é a palavra “pai”. Daniel explica que mesmo sendo um vocábulo tão pequeno ele sente um carinho enorme pelo termo. “Tive o meu primeiro filho – o Luan, próximo aos 30 anos. Existia da minha parte um certo obstáculo em ter filhos, pois imaginava com quem ia tê-los. E talvez a responsabilidade de ser pai me trazia um certo receio. Mas hoje eu tenho três filhos e sou muito feliz e grato por ser pai. Só tenho que agradecer a Deus por isso”, complementa.
Para Daniel Gracie nenhum pai ou mãe foi escolhido, assim como nenhuma criança deve ser um fardo. Ele reitera que somos todos seres humanos habitantes do mesmo planeta, vencendo e superando os desafios diários. “Ele é o melhor filho do mundo. Talvez seja pela minha característica, um pouco rústico, e não muito de guardar datas, mas dou graças a Deus por ser pai do Isaque – de segunda a segunda. A minha vida se divide antes e depois dele, e isso me entristece porque existem muitas pessoas que ainda me associam a imagem de antes. Eu era meio grosseiro e quando se falava em amor às pessoas eu não era muito dado a isto. Entretanto, eu aprendo com as dificuldades do meu filho. Do jeito que tem o Isaque na minha casa, existem outros milhões – deficientes ou não, carentes de carinho e que precisam de um pai. Eu costumo dizer que é obrigatório, e, indiferente da identidade de gênero que se prega, a figura paterna na família, principalmente voltada aos filhos, é fundamental”, salienta.
Sabe aquele dito popular “Pai é quem cria?”. Para a pedagoga Mirna Eloi Suzano, de certa forma a frase corresponde à realidade. Afinal de contas, uma criança que não pode conviver com o pai, por qualquer motivo, não será obrigatoriamente infeliz: “a figura paterna pode ser representada por um tio, avô ou outro adulto do sexo masculino que participe ativamente da vida da criança. Deve haver essa referência masculina na criação das crianças, mas ela não precisa ser necessariamente do pai biológico”.

Mensagem

Daniel deixa uma homenagem a esta figura tão importante na educação das crianças e na formação de um adulto que exerça sua cidadania. Ele acredita que, diferentemente de gerações passadas, quando a figura do pai estava ligada à autoridade, o pai contemporâneo em geral é mais próximo dos filhos e demonstra seu afeto. “Que sejamos pais em todos os dias da nossa vida. Que tenhamos mais amor e que falemos menos do que vamos fazer. É importante produzir situações necessárias para que tenhamos uma boa geração. E nós, pais, precisamos ser a maior parte de um mundo melhor. Acompanhe o seu filho. Vigie, por mais que seus olhos não consigam acompanhar. Seja um pai, distante ou presente, mas seja pai. E transmita amor, pois precisamos de um mundo com sentimentos voltados a ternura”, finaliza.

Danilo Alves

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