Morte de líder religioso causa comoção na população manhuaçuense
Muitos olhares carregados de tristeza marcaram o último domingo, dia 22, para a comunidade católica, que se despediu do líder religioso, Padre Júlio Pessoa Franco que faleceu no sábado, por volta das 13 horas no Hospital César Leite.
Foram 60 anos de convivência com as famílias, lideranças de várias classes, autoridades que sempre o respeitava como sendo uma pessoa de uma capacidade singular para decisões, quando dele era aguardado um posicionamento.
Em todo esse tempo, ele sempre pautou em trabalhar vários aspectos e projetos para o crescimento da região, por entender que dentro do universo tudo poderia acontecer. Desde que chegou para o trabalho de evangelização, foi considerado um desbravador enfrentando os obstáculos, andando por comunidades longínquas nas costas de um cavalo, percebendo as necessidades e idealizando projetos capazes de alcançar seu objetivo.
Durante a despedida, muitas passagens históricas foram lembradas pelos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora e paroquianos, que foram até a Matriz do Bom Pastor onde esteve pela última vez, desde que foi internado pela segunda vez para intervenção cirúrgica.
O corpo do Pe. Júlio Pessoa Franco, chegou na Matriz do Bom Pastor por volta de 21:30h de sábado, onde permaneceu até as 15 horas de domingo, de onde o cortejo partiu no carro aberto do Corpo de Bombeiros, até ao cemitério municipal de Manhuaçu.
Ao longo do cortejo, seguido por centenas de pessoas, a sirene do carro do Corpo de Bombeiros anunciava o último adeus ao homem de fé, perseverante, que acreditava no seu semelhante. Sacerdote cheio de fé e coração bondoso, que evangelizava com seu jeito próprio, pois, estava bem à frente de seu tempo. Esta qualidade de Padre Júlio foi reconhecida diversas vezes pelos fiéis, que manifestaram na despedida. Pessoas que falavam sobre a vida do religioso e sua passagem tão rápida aqui na terra. A todo o momento, sempre demonstrou uma visão ampla no futuro e estava “ à frente de seu tempo”.
A Missa de despedida
A Matriz do Bom Pastor ficou completamente lotada na missa de corpo presente que marcou a despedida do padre Júlio Pessoa Franco. A cerimônia ocorreu às 14 horas. Durante todo o funeral, centenas de pessoas deram o último adeus ao religioso. O clima era de emoção e gratidão. Pessoas de diversas comunidades, cidades vizinhas vieram prestar as últimas homenagens a Padre Júlio Pessoa Franco.
A missa foi celebrada pelo Superior Geral da Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, Padre “Mundinho”, concelebrada por demais sacerdotes da mesma ordem religiosa e diocesanos.
A cada momento, a emoção tomava conta dos fiéis, amigos e familiares de Padre Júlio Pessoa Franco, que já deixava os corações cheios de saudade. Saudade de um religioso, que sempre pautou em sua caminhada por uma sociedade justa, fraterna e igualitária, seguindo os ensinamentos do fundador da Congregação dos Missionários Sacramentinos, Padre Júlio Maria de Lombaerde. A generosidade é o fato de ter convivido com o Servo de Deus, perpetuou em seu coração que seguir o caminho de Cristo, levando a Palavra Deus como transformação, seria o grande legado de um seguidor.
Durante a homilia, o Superior Geral da Congregação dos Missionários Sacramentinos, lembrou de sua trajetória desde a infância na zona rural de São Gotardo, o período ginasial, a sequência dos estudos de filosofia e teologia e a preparação para o presbitério. No dia 5 de janeiro de 1958 foi ordenado diácono, pelo então bispo diocesano de Caratinga, Dom José Eugênio Corrêa e, naquele mesmo ano, foi ordenado presbítero. Desde 1959 estava em Manhuaçu, tendo sido pároco da Paróquia de São Lourenço por mais de 20 anos.
Padre Mundinho lembrou ainda de seu interesse pelo meio de comunicação, que o fez mais respeitado por se tornar um grande empreendedor na radiodifusão. Também foi grande promissor com a criação do Jornal Tribuna do Leste, em 1972, e se tornou mais tarde órgão oficial de várias comarcas e municípios, sendo um semanário respeitado devido a isenção e imparcialidade para tratar a notícia. Foi também um grande empreendedor em construção de capelas em várias comunidades rurais, igrejas em vários bairros de Manhuaçu, além de construir 3 prédios pertencentes à congregação. “Ele foi sempre muito exigente e detalhista. A seriedade com que encarava os projetos idealizados por ele era algo surpreendente. A igreja do Bom Pastor foi idealizada e projetada por ele. Exatamente o local, que agora, nesse momento nos despedimos dele para sempre”, resumiu padre Mundinho.
Ao final da celebração, todos os sacerdotes ungiram o corpo do religioso, que, em seguida foi colocado em carro aberto e, partiu pelas ruas de Manhuaçu para a sua última morada.
Por onde passava o cortejo, muitos chegavam nas sacadas, janelas e observavam calmamente as pessoas, que caminhavam com o olhar fixo para o carro, que conduzia o caixão com o corpo do homem que revolucionou Manhuaçu e região, sendo um promissor de grandes projetos que puderam alavancar o progresso, a partir de sua intuição de que é preciso ir à luta, para ter o resultado almejado.
Agora é só saudade do homem de fé
Às 17:30 minutos, a caminhada chegava ao final para todos os fiéis e religiosos. Entre olhares tristes, lágrimas não contidas e um silêncio profundo, a urna com o corpo de Padre Júlio Pessoa Franco foi colocada no mesmo lugar, onde foi sepultado Padre Ivo Moreira Urbano, no dia 01/02/2002, aos 80 anos. Chegava ao fim a trajetória de sucesso do lado religioso e empresarial, de um líder absoluto que fez história, ensinou as pessoas que vale a pena acreditar, ter a serenidade nas ações e compromisso com a sociedade e “ ser parte principal da história”.
O missionário era considerado uma pessoa séria e prestigiada. A morte comoveu os fiéis da igreja. “Já estávamos em oração desde que nós ficamos sabendo do ocorrido. Foram dias de muita guerra espiritual, crendo que nosso padre voltaria, mas a vontade de Deus foi realizada. Fizemos o que poderíamos fazer, clamando pela sua vida. Enfim, Deus tem nos confortado, estamos chorando, sofrendo e o mesmo Deus que levou o nosso padre é o que vai nos consolar. Somos humanos, a saudade é grande. Ele foi um homem que amava o Senhor de uma forma especial e nos ensinou também. Creio que a semente que ele deixou ela vai frutificar. Continuaremos sendo abençoados”, disse um paroquiano.
Eduardo Satil