Pe. José Raimundo (Mundinho)

Junho com seus santos e suas festas populares…

REFLEXÃO

Pe. Mundinho, Sdn

No santoral, calendário católico, que contempla os santos e santas durante o ano, encontramos no mês de junho uma riqueza de homenageados que faz parte da tradição e do folclore, que anima as festas populares. Santo Antônio, São João Batista, São Pedro e São Paulo são os mais queridos e lembrados pelo povo católico.

Tradições, histórias e contos, compõem o acervo que encanta os devotos. Além disto, por ocasião das datas comemorativas acontecem as festas populares em família, nas comunidades, nos bairros. Festas que reúnem um grande número de fiéis nas rezas e novenas, nas barraquinhas de guloseimas, no encontro dos amigos e familiares, nas cores dos dançadores das “Quadrilhas”. A temperatura mais baixa, o frio, não constituem impedimento para o comparecimento as eventos programados nas comunidades.

No dia 13 se comemora a festa de Santo Antônio, santo que carrega uma série de atribuições e proezas à sua pessoa e preenche o universo das mentes devotas e do folclore popular. Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro. O 13 de junho é o dia em que as mulheres solteiras oram para Santo Antônio trazer o amor de suas vidas.

Batizado de Fernando Bulhões, Santo Antônio foi um frade franciscano, nascido em 1195, em Portugal, mas viveu durante algum tempoem Pádua, na Itália. Apesar de não ter em seus sermões nada específico sobre casamentos, Santo Antônio ficou conhecido como o santo que ajuda mulheres a encontrarem um marido por conta da ajuda que dava a moças humildes para conseguirem um dote e um enxoval para o casamento.

Reza a lenda que, certa vez, em Nápoles, havia uma moça cuja família não podia pagar seu dote para se casar. Desesperada, a jovem – ajoelhada aos pés da imagem de Santo Antônio – pediu com fé a ajuda do Santo que, milagrosamente, lhe entregou um bilhete e disse para procurar um determinado comerciante. O bilhete dizia que o comerciante desse à moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel. Obviamente, o homem não se importou, achando que o peso daquele bilhete era insignificante. Mas, para sua surpresa, foram necessários 400 escudos da prata para que a balança atingisse o equilíbrio. Nesse momento, o comerciante se lembrou que outrora havia prometido 400 escudos de prata ao Santo, e nunca havia cumprido a promessa. Santo Antônio viera fazer a cobrança daquele modo maravilhoso. A jovem moça pôde, assim, casar-se de acordo com o costume da época e, a partir daí, Santo Antônio recebeu – entre outras atribuições – a de “O Santo Casamenteiro”.

Outras histórias são narradas sobre sua pessoa, o que compõem as devoções, tradições e crenças. Além do santo casamenteiro, é tido como o santo das coisas perdidas. Esta tradição é antiquíssima, mencionada como uma oração taumaturga para encontrar objetos perdidos.

O “pão dos pobres”

É ao mesmo tempo uma piedosa devoção e uma instituição assistencial benemérita. Consiste em doações para prover de pão os pobres, honrando assim o “protetor dos pobres”, Santo Antônio. Uma tradição liga esta obra ao episódio de uma mãe cujo filho se afogou dentro de um tanque mas recuperou a vida graças à intercessão de Santo Antônio. Ela prometera que, se o filho recuperasse a vida, daria uma porção de trigo igual ao peso do menino. Por isso, no começo, esta obra foi conhecida como a obra do pondus pueri (peso do menino). Outra tradição relaciona a obra do pão dos pobres com uma senhora de Tbulon, chamada Luísa Bouffier. A porta do seu armazém tinha enguiçado de tal modo que não havia outro remédio senão arrombar a porta. Fez então uma promessa ao Santo: se conseguisse abrir a porta sem arrombá-la, doaria aos pobres uma quantia de pães. E deu certo. Daí por diante, as petições ao Santo foram se multiplicando em diferentes necessidades. Toda vez que alguém era atendido, oferecia certa quantia de dinheiro para o pão dos pobres. A pequena mercearia de Luísa Bouffier tornou-se uma espécie de oratório ou centro social. A benéfica obra do “pão dos pobres” teve extraordinário desenvolvimento, com diferentes modalidades, e hoje é conhecida em toda parte.

Trezena

E uma “novena” de 13 dias lembrando a data da morte de Santo Antônio. Também se lembra o dia 13 de cada mês, porque “Dia 13 não é dia de azar, é dia de Santo Antônio”. Outros lembram Santo António nas quartas-feiras, dia em que foi sepultado.

Breve de S. Antônio

Consiste numa medalha ou imagem do Santo que se leva consigo, com esta sentença escrita no verso: “Ecce Crucem Domini, fugite partes adversão! Vicit Leo de Tribu Juda, radix David. Alleluia, alleluia!” (Eís a Cruz do Senhor, afastai-vos forças adversas! Venceu o Leão da tribo de Judá, da raiz de Davi. Aleluia, aleluia). É uma devoção que remonta ao século XIII.

Estas narrativas foram extraído dos Cadernos Franciscanos, “Santo Antônio e a devoção Popular”, de Frei Adelino Pilonetto, ofmcap.

Que o mês de junho seja carregado de alegria, de festividades, de encontros e de fraternidade, sobretudo na partilha do pão com os mais necessitados.

 

Comentários

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo