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3ª Romaria das Águas e da Terra denuncia crimes ambientais na bacia do Rio Doce

 

01Com o tema “Bacia do Rio Doce, nossa casa comum”, Ponte Nova recebeu a 3ª Romaria das Águas e da Terra, no dia 03/06. A caminhada reuniu cerca de 4 mil romeiros das Dioceses da Província Eclesiástica de Mariana para reafirmar o compromisso com os atingidos pelo rompimento da barragem do Fundão, em toda a extensão da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. A diocese de Caratinga foi representada pelos padres João Batista, Júlio Cesar e Patrício Fialho, acompanhados de caravanas das paróquias de Divino, Santa Margarida e Simonésia.

Acompanhados pelas imagens de Nossa Senhora Aparecida e São Francisco, os romeiros, além dos atingidos pela tragédia de Mariana e representantes de movimentos e sindicatos, caminharam pelas ruas da cidade levando faixas, cartazes e cruzes. As margens do Rio Piranga os participantes realizaram um ato simbólico de abraçar o rio e jogar água limpa no rio.

02Para o Vigário da Paróquia Divino Espírito Santo, Pe. João Batista de Oliveira, a Romaria proporcionou uma reflexão de fé juntamente ao compromisso de cidadania em defesa da vida e de nossa casa comum, a mãe terra. “A pedido de Dom Geraldo e dos demais bispos da diocese da Província Eclesiástica de Mariana – composta por Caratinga, Governador Valadares, Coronel Fabriciano, Itabira, houve um convite as dioceses de Guanhães e do Espirito Santo para fazer parte deste projeto. E nós estamos a cada ano a Romaria em uma cidade da diocese vizinha. Ano que vem, por exemplo, já está marcado para acontecer na diocese de Coronel Fabriciano, e tudo indica que Santa Maria do Itabira vai nos receber no dia 2 de junho de 2019”, ressalta.

Pe. João Batista de Oliveira reitera que as Romarias têm por objetivo organizar – em breve, o Fórum permanente da Bacia do Rio Doce, aonde serão discutidas novas ideias e propostas para fortalecer a reflexão quanto ao que foi praticado com a Bacia do Rio Doce. “A Romaria deste ano continuou com a mesma reflexão do ano passado, e a nossa luta é pela Limpeza do Rio Doce. Sabemos que é um desafio grandioso, mas continuamos pela casa comum, que é a bacia do Rio Doce.  Queremos, de fato, lutar e fiscalizar todas as ações em favor da Bacia e ser um projeto de resistência em favor dos atingidos pela barragem de fundão e também os prejudicados de um modo geral com rejeitos e sujeira trazidos pelo crime ambiental de Mariana”.

Encerramento

03Na homilia, Dom Geraldo chamou a atenção para a inversão dos valores que provoca danos às águas e à terra por causa da busca desordenada do lucro, amparada por políticas econômicas predatórias que destroem a natureza, desrespeita a vida e a dignidade humana. “Não podemos silenciar diante de Governos em âmbito federal, estadual ou municipal e de órgãos públicos que se omitem em sua tarefa de fiscalizar os empreendimentos minerários, especialmente nesta região. Mais uma vez denunciamos o desrespeito aos direitos dos atingidos e atingidas, pelo rompimento da barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana e que causou graves danos às pessoas e ao meio ambiente em toda a extensão do Rio Doce”, disse.

O administrador apostólico ressaltou que é preciso estender o olhar para o impacto da mineração sobre a água. “Trata-se de um bem que é finito e, ao mesmo tempo, essencial para a vida, por isso, de direito universal. A exploração insustentável das atividades mineradoras ameaça esse bem indispensável, prejudicando o meio ambiente, destruindo vegetações, provocando desequilíbrio no regime de circulação de águas superficiais e subterrâneas, modificando essencialmente o lençol freático, causando a destruição de inúmeras nascentes, levando à escassez desse bem precioso e gerando impactos prejudiciais à saúde, à produção de alimentos e à própria vida”, sublinhou.

Dom Geraldo encerrou sua fala renovando o apelo dos bispos das Dioceses da Bacia do Rio Doce. “Estimulem os que lutam em defesa da “casa comum” para que não desanimem diante dos obstáculos e da prepotência dos grandes e poderosos. Ajudem a salvar o Rio Doce, com tudo o que ele significa para tanta gente em Minas Gerais e no Espírito Santo. Perseverem na luta a favor da vida e da esperança, na certeza de que “a paz é fruto da justiça”, finalizou.

Após a celebração foi lida a carta compromisso da 3ª Romaria das Águas e da Terra e realizada uma homenagem para Dom Geraldo.

Danilo Alves – Com informações da Arquidiocese de Caratinga

Fotos: Arquidiocese de Mariana 

 

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