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Síndrome do pânico: como lidar com este pesadelo?

 

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Todos sabem que as pessoas hoje em dia vivem sobre constante pressão, tanto no serviço, como em casa ou na faculdade. Essa pressão tem contribuído muito para o aumento significativo nos casos de síndrome do pânico, tanto nos adultos quanto nos mais jovens. A síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja motivo algum para isso ou sinais de perigo iminente. Quem sofre do Transtorno de Pânico sofre crises de medo agudo de modo recorrente e inesperado. Além disso, as crises são seguidas de preocupação persistente com a possibilidade de ter novos ataques e com as consequências desses ataques, seja dificultando a rotina do dia a dia, seja por medo de perder o controle, enlouquecer ou ter um ataque no coração.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição atinge 4% da população mundial, o que representa, aproximadamente, 280 milhões de pessoas. Caracterizada como um tipo de transtorno de ansiedade, as crises podem ocorrer em momentos inesperados ou em algumas situações já definidas, que fazem com que o indivíduo se sinta com medo ou desesperado.

Causas 

As causas do transtorno do pânico ainda não são bem esclarecidas. De acordo com o psicólogo e professor de psicopatologia, João Paulo de Paiva, o que se sabe a respeito é que fatores multideterminados podem estar envolvidos – como genéticos, ambientais e psicossociais – traumas, lutos e perdas mal elaboradas, mudanças inadaptadas, situações de desamparo, ansiedade de separação, bem como a própria personalidade da pessoa, são fatores contributivos que explicam as causas do surgimento do transtorno.

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O fator genético é relevante no desenvolvimento do transtorno, mas pessoas sem predisposição genética também podem desenvolvê-lo, dependendo do estilo de vida e de fatores incomuns e estressantes. “Portanto, o transtorno do pânico pode estar geneticamente ligado. Ele está associado a transições significativas que ocorrem na vida. Deixar a casa dos pais para a faculdade, se casar ou ter o seu primeiro filho são todas as principais transições de vida que podem criar estresse e levar ao desenvolvimento do transtorno do pânico ”, adverte.

Informações sobre a doença indicam que certos grupos são mais propensos a desenvolver o distúrbio. Em particular, as mulheres são duas vezes mais propensas que os homens a desenvolver a doença. Recorrer a drogas ou álcool para tentar lidar com o transtorno do pânico por sua vez, pode piorar os sintomas. As pessoas com esse distúrbio muitas vezes também têm depressão grave. Mas não há evidência de que uma condição cause a outra.

O psicólogo também salienta que o transtorno pode se desenvolver em situações na qual o indivíduo se sente ansioso, fora de controle ou impotente para fazer algo, como em acidentes e falecimentos de pessoas próxima ou em circunstâncias que remetam a algo ruim ou extremamente desagradável, como o risco de morte, que acaba gerando o pânico. “Isso acaba com a funcionalidade do indivíduo, muitas vezes de maneira global, impactando nos relacionamentos pessoais, desempenho profissional, além de incapacitá-lo para situações consideradas simples no cotidiano, como estar em um congestionamento, dormir sozinho ou pegar o ônibus”, elucida João Paulo.

Diagnóstico 

Conforme explica João Paulo de Paiva, para que seja diagnosticado o transtorno, as crises têm que ter uma frequência em um determinado espaço de período e tempo, com os sintomas elucidados. “Embora não seja diagnosticada através de exames clínicos, trata-se de um problema real e grave, necessitando, portanto, de tratamento urgente para que o paciente volte a ter uma vida de qualidade, de modo que retome suas atividades cotidianas, pois muitas vezes, com os constantes ataques de pânico, o indivíduo (a) passa a apresentar comportamento de “evitação” e esquiva a lugares e circunstâncias onde aconteceu uma crise. Desta forma, o medo de uma nova crise o faz parar todas as atividades, causando prejuízo em sua vida ocupacional, relacional e social. Normalmente o paciente se isola por ter medo que ocorra uma nova crise”, destaca o psicólogo e professor de psicopatologia, João Paulo de Paiva.

Ele acrescenta que algumas doenças podem apresentar sintomas iguais aos do transtorno do pânico, e, por este motivo, a importância essencial da realização dos exames clínicos para refutar a existência de doenças físicas e para ter elementos para se fechar um diagnóstico de transtorno do pânico. “É necessário que profissionais da saúde, principalmente os que trabalham em emergências e prontos-socorros, estejam habilitados para reconhecer uma crise de pânico, de modo que após realizados todos os exames clínicos necessários, o paciente seja encaminhado para o psiquiatra e/ou psicólogo para que o paciente inicie o tratamento”, reitera.

Tratamento

Para um tratamento eficiente, é necessário um diagnóstico preciso. Após o diagnóstico de transtorno do pânico o tratamento ideal e eficaz é a associação da medicação com a psicoterapia. Caso a síndrome não seja devidamente tratada, as frequências das crises podem se intensificar em curtos espaços de tempo, causando limitações e afetando todas as áreas da vida da pessoa, que passa a se isolar. Como consequência do isolamento social, o paciente pode desenvolver um quadro depressivo, dentre outras comorbidades.

De acordo com o psicólogo, João Paulo de Paiva, o tratamento pode envolver medicamentos e terapia. “Em geral o tratamento é composto por antidepressivos que são bastante seguros e, às vezes no começo, ansiolíticos, que são os remédios de tarja preta, mas por tempo limitado e com cuidado por conta do risco de dependência”, diz. O psicólogo ressalta a importância da terapia pelo fato do transtorno ser apenas uma das questões que a pessoa precisa trabalhar. “Dependendo do quadro, pode ser necessário mais terapia, ou mais medicamento. Vai da necessidade do paciente”.

Com relação à terapia, ele ainda lembra que algumas vezes o tratamento é mais curto, apenas para melhorar a questão das crises. “Mas muitas vezes o pânico é apenas a ponta do iceberg”, diz.

João Paulo de Paiva completa que “tudo que é saudável ajuda no tratamento psiquiátrico”. “Quase todos transtornos têm ligação com o estresse e maus hábitos cotidianos, que podem contribuir muito para a evolução das doenças mentais em geral, como falta de atividade física, luz solar, má alimentação e falta de sono. Cuidar disso tudo faz muita diferença no tratamento”, informa. O professor de psicopatologia faz uma ressalva no caso das atividades físicas. “É preciso cuidado e acompanhamento. Alguns sintomas ligados à prática de esporte se assemelham aos do pânico (sudorese, taquicardia e falta de ar)”.

 

Danilo Alves

 

 

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