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Palavra de Vida: 5º Domingo da páscoa 29/04/2018

1ª LEITURA – At 9,26-31

A Igreja – novo povo de Deus – encontra perseguições das mais violentas (At 8,1), mas o Espírito Santo vai trabalhando no coração das pessoas e vai aumentando o número dos ramos que querem permanecer firmes na videira e produzir frutos. Paulo, antes chamado Saulo, de encarniçado perseguidor dos cristãos, se torna um apaixonado missionário. O texto de hoje mostra Paulo convertido se aproximando da comunidade dos discípulos, mas as cicatrizes de suas perseguições ainda assustavam o corpo da comunidade. O grande Barnabé, então, serve de intermediário, apresenta Paulo aos apóstolos e justifica uma nova conduta. Com carta branca Paulo se entrega ao trabalho missionário em Jerusalém. Entretanto os judeus de língua grega procuram matá-lo. Os irmãos (a comunidade), então, tomam providências para libertar Paulo da morte conduzindo-o para Cesaréia e dali para Tarso. Lucas (o autor dos Atos) depois disso, mostra a paz na Igreja, sua consolidação, seu progresso e crescimento, com ajuda do Espírito Santo. Neste trecho percebemos a preocupação de Lucas em mostrar a comunhão de Paulo com a comunidade apostólica. Mas tarde, Paulo vai dizer que a Igreja é uma unidade, um corpo, cuja cabeça é Cristo! O evangelho de hoje fala em permanecer na videira. Percebemos também a importância de um líder capaz de aproximar as pessoas (Barnabé) buscando comunhão e entendimento na comunidade, abrindo espaço para novas lideranças. Enfim, vimos a ajuda do Espírito Santo para a expansão da Igreja.

2ª LEITURA -1Jo 3,18-24

Poderíamos ver este trecho na ótica da pergunta chave do evangelho de hoje: Quem faz parte do novo povo de Deus? Há pessoas e líderes que se dizem cristãos, têm discursos bonitos sobre o amor, mas cujas ações concretas estão distantes do que dizem e distantes da verdade. A verdade é exatamente a manifestação concreta do amor do Pai na pessoa e obra do Filho. Aquele que pertence ao povo de Deus pertence à verdade, traduz, sua fé em Jesus Cristo, em gestos, e lutas em favor dos mais injustiçados, dos mais carentes, das famílias mais abandonadas. Neste texto percebemos que pertencemos ao novo povo de Deus não apenas quem foi batizado, quem fala bonito, quem fala em nome de Jesus Cristo, mas quem atua na comunidade, quem guarda o mandamento do amor, ou seja, quem sabe traduzir sua fé-entrega-confiança em amor-serviço-doação. É permanecendo na comunidade-corpo de Cristo que permanecemos no Deus de Jesus Cristo.

O autor nos traz um consolo para nossa consciência e tranquilidade diante de Deus, quando diz: mesmo que o nosso coração(consciência) nos acuse Deus é maior que o nosso coração e conhece tudo. O que é que Deus conhece em nós e nos traz tranquilidade de consciência? É o nosso amor concreto, não de boca, mas amor em ação e em verdade. Este amor serviço nos traz consciência e tranquilidade de fazermos parte do povo de Deus, de sermos da verdade, de permanecermos em Deus.

EVANGELHO – Jo 15,1-8

Este texto fala que o Pai é o agricultor, Jesus é a videira e nós fazemos parte da videira, porque somos os ramos. Então o texto define quem faz parte da família de Jesus, quem faz parte do novo povo de Deus. Todos sabemos que o Antigo Povo de Deus era Israel, o povo judeu. Mas este povo deixou de ser o povo de Deus, porque não produziu os frutos desejados. Se você ler Is 5,1-7 antes de continuar a nossa leitura, você vai entender melhor o que estamos dizendo. Não produzir os frutos desejados significa não acolher a Palavra de Deus, não acolher Jesus, desligar-se dele que é a videira.

Talvez a primeira pergunta forte que o texto quer responder é esta: Quem faz parte hoje do povo de Deus? No hoje do autor estamos diante de 3 povos: Israel, a sociedade pagã e os que estão ligados a uvas azedas (cf. Is 5,1-7). Os pagãos não estão ligados a Jesus, mas ao imperador romano que pretendia ocupar o lugar de Deus. O verdadeiro povo de Deus é a Igreja – os ramos da videira. Esta Igreja, o povo de Deus, no tempo do autor e hoje, tem ramos produtivos e improdutivos.

A 2a pergunta, portanto, é: Como Deus – o agricultor age em relação aos ramos da sua videira? Ele tem duas atitudes apenas: Primeiro, corta os ramos que não dão fruto, joga-os fora e quando estes acabam de secar, ajunta-os um por um e joga-os ao fogo. Segundo, quanto ao ramo que está dando fruto, ele a poda ou limpa para que dê mais frutos ainda. É interessante que o texto está primeiramente no singular: o ramo. Isto significa que o Pai cuida de cada pessoa individualmente, cortando para jogar ao fogo ou podando para produzir mais. Que fruto você está produzindo na igreja comunidade?

Uma última pergunta do texto poderá ser esta: O que precisamos fazer para dar mais frutos ainda?

Primeiro, precisamos ter consciência da realidade do Pai e da realidade do Filho, ou seja, acreditar que nele temos a vida e fora dela temos a morte.

Segundo, precisamos, portanto, permanecer ligados ao Filho, viver sua Palavra que purifica e limpa, ou seja, viver em comunhão constante com o Filho, na realidade da vida comunitária de serviço fraterno e celebrar isto na Eucaristia – seiva. Em uma palavra, é preciso que nos deixemos podar pelo Pai e sejamos discípulos-missionários de Jesus, imitando sua entrega total, pois só assim é que o Pai é glorificado.

 

Dom Emanuel Messias de Oliveira

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