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Comunidade Terapêutica organiza celebração pelos quatro anos de funcionamento

No dia 19 de março a Comunidade Terapêutica Santa Mãe da Providência comemora quatro anos de funcionamento. Por questões de agenda da Paroquia do Bom Pastor, em função do tempo da Quaresma, o evento será celebrado no dia 11 de março, na sede da instituição. Apesar da data de implementação indicar quatro anos, a instituição desenvolve o trabalho de tratamento a dependentes químicos há nove anos. A Comunidade acolheu 277 residentes, e concluiu o tratamento de 72 pessoas, que atualmente levam uma vida junto a seus familiares e convivem em harmonia com a sociedade.

Segundo diretor da Comunidade Terapêutica, Júlio Villaça, a ideia do projeto social surgiu dos padres Auricélio e Rogério, que acompanhavam em suas confissões o pedido de ajuda de jovens, adultos e idosos para se livrar do mundo das drogas, incluindo o álcool. Impossibilitados de ajudar, pois na região não existia um local adequado para tratamento, os padres tiveram a iniciativa de juntar um grupo de pessoas da Paróquia do Bom Pastor para construir um local que possibilitasse o atendimento de dependentes químicos em Manhuaçu.
Júlio Villaça salienta que a instituição enfrentou alguns desafios ao longo dos anos, como a viabilização do local aonde seria construída a sede da insituição. Ele reforça que a construção foi erguida dentro das normas estabelecidas pelos governos Estadual e Federal. Outro ponto abordado pelo segundo diretor da Comunidade Terapêutica se refere a organização e implantação da equipe técnica que faz parte da instituição, nenhum deles haviam atuado em suas respectivas áreas até o momento da escolha para compor o núcleo de atendimento da entidade. Outro enfrentamento apontado por Júlio Villaça foi o de manter o projeto funcionando. “Levar uma pessoa para da Comunidade e ter um trabalho firme, espiritual e psicológico para manter a pessoa dentro do tratamento não é fácil. Ele precisa reconhecer a necessidade de se tratar. Esses desafios enfrentamos até hoje, com a vantagem que hoje temos um pouco mais de sabedoria”.

A Comunidade Terapêutica Santa Mãe da Providência conta com uma equipe técnica formada por psicóloga, assistente social, enfermeiro e educadores sociais. Apesar de incorporar a religiosidade em suas propostas de tratamento, a entidade não faz distinção de crença, como explica Júlio Villaça. “Temos trabalho de espiritualidade, e respeitamos a religião escolhida. Não estamos lá para converter, nosso trabalho visa trazer o ser humano para Deus”. A instituição desenvolve trabalhos que incentivam os pacientes a manter mente e corpo ocupados, para que a ociosidade não interfira no tratamento e leve o indivíduo a pensar no vício. “Possuímos oficinas de pintura, artesanato, violão, informática e agora de jiu-jitsu e educação física. O projeto é focado em manter o residente com a cabeça e o corpo ocupados durante o dia”.

O projeto Terapêutico da Comunidade vem sendo construído e, acrescenta-se à disciplina, a laborterapia, a espiritualidade, atividades lúdicas terapêuticas, e atividades didático-científicas, para aumento de conscientização e estimulação do crescimento interior. “As atividades diárias propostas dentro da isntiuição, bem como as atividades terapêuticas, dão possibilidade ao sujeito de trabalhar as suas dificuldades emocionais, tanto as emergentes, como as recorrentes, alargando parâmetros de percepção e compreensão”, aponta Júlio Villaça.

Acolhimento

A receptividade na Comunidade inicia-se desde o primeiro momento em que a família e o dependente químico ou etílico chegam para procurar o tratamento. Significa, num primeiro momento, acolher todas as queixas e relatos do usuário e de sua família, visando obter uma visão geral sobre o caso, o que é importante para avaliação da necessidade de ingresso e, também, para a futura construção do Plano de Tratamento Individual (PTI).
Os dados iniciais obtidos na acolhida são fundamentais para o diagnóstico e o planejamento do tratamento, que irão nortear e contribuir para a construção do PTI. Tanto os dados informados pelo futuro residente, quanto àqueles que são passados pelos familiares ao(à) profissional/equipe que o acolhe, são indicadores e definem uma caminhada que se inicia a partir da procura. Entende-se que, se a acolhida de fato não for consistente e calorosa, o dependente pode não avistar razão para decidir-se a ingressar no tratamento.

Decidido pelo ingresso ao tratamento, o residente é apresentado à Comunidade, às normas, ao funcionamento, à metodologia de trabalho e instalações, e é dado início à construção do Plano Terapêutico Individual, elaborando-se o prontuário individualizado deste residente. As demandas apresentadas desde a acolhida inicial, vão colaborar para que o PTI seja elaborado pela equipe, reunindo intervenções dos profissionais necessários.
Júlio comenta que a força de vontade é fator primordial para começar o tratamento, e a iniciativa em busca do livramento do vício passa pela mentalidade do cidadão. “A pessoa deve se conscientizar que está doente e procurar melhorar. Aliás, a nossa única exigência é o desejo da pessoa em querer se tratar. Mesmo que a família queira que a pessoa se trate, se a intenção de se recuperar não partir dela, o tratamento não resolve. Toda a nossa estrutura em nada irá ajudar se a pessoa não quiser se livrar do vício das drogas. 99% depende da força de vontade do indivíduo em se curar das amarras impostas pelas drogas e o outro 1% é composto pelas iniciativas que a casa oferece”.

Família

Para o segundo diretor da Comunidade Terapêutica, a participação familiar é peça chave no tratamento em função do apoio que ela pode proporcionar ao indivíduo. Entretanto, se não houver disposição dos familiares em mudar alguns hábitos em benefício de determinado parente que necessite de ajuda, mesmo que este venha a ter causado tristeza e revolta no convívio familiar, a perda para o mundo das drogas será inevitável. “Se a família achar que aqui é um depósito, aonde está jogando uma pessoa para ficar livre dela por um certo período, todo o tratamento que for feito com este indivíduo poderá se perder. E hoje nós temos um trabalho com as famílias. Esta iniciativa consiste na visita da nossa equipe aos familiares que possuem um parente que está ingressando na instituição. E também temos a Pastoral da Sobriedade, pertencente a Paróquia do Bom Pastor, que foi criada em prol da Comunidade Terapêutica e faz um trabalho contínuo com as famílias.

Ajuda

Júlio Villaça que a entidade está de portas abertas para receber as pessoas que desejam buscar tratamento. Para ingressar na entidade, o interessado deve passar por alguns procedimentos como uma triagem realizada pela equipe técnica todas as quintas-feiras no salão Igreja Imaculada Conceição, localizada no bairro Coqueiro, de 7h às 9h. A triagem possibilita que a equipe passe todos os exames e informações que as pessoas precisam fazer para ingressar na casa. Vale salientar que todos os exames solicitados podem ser realizados gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). “Estamos à disposição para atender as pessoas que buscam um tratamento para se livrar das drogas e manter uma vida tranquila e serena”, destacou.

Danilo Alves – Tribuna do Leste

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