Black Friday: compras durante a promoção devem ser realizadas com cautela
Novembro é o mês mais aguardado pelos apreciadores de descontos e liquidações. A última sexta-feira do mês é marcada, anualmente, pela “Black Friday”– termo criado nos Estados Unidos, para marcar a ação de vendas que acontece um dia após o feriado de Ação de Graças. Neste dia, os produtos ou serviços oferecidos pelo varejo podem alcançar descontos bem acima de 50%. Esse ano, as vendas começarão à meia-noite, na madrugada de quinta para sexta, 24/11, nas lojas físicas e virtuais. Segundo pesquisa realizada pelo portal blackfriday.com.br, em 2016 as lojas virtuais receberam 2,23 milhões de pedidos e movimentou R$1,9 bilhões. As categorias mais procuradas foram de eletrodomésticos, eletrônicos e viagens. De acordo com o site, a estimativa para a arrecadação deste ano é de R$2,2 bilhões e as intenções de compras no topo da lista são os celulares, eletrodomésticos e produtos de informática.
Entretanto, para não cair em armadilhas no momento da compra é necessário estar atento às ofertas. “Se o desconto for muito alto é melhor desconfiar. Alguns lojistas aumentam os preços dias antes, para que na Black Friday o produto seja comercializado pelo valor anterior como uma grande oferta. Outros colocam à venda peças de mostruário ou obsoletas”, enfatiza o economista Wilson Rocha. Ele explica que atualmente o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) monitora as empresas para que isso não ocorra, no entanto, é sempre bom estar vigilante às artimanhas do comércio. “Listar desde já os produtos que quer e os preços; pesquisar e conferir a idoneidade da loja são formas de se prevenir”, afirma.
Ouça a entrevista com o economista Wilson Rocha
O economista diz que existem dois perfis de pessoas na megapromoção: as que se planejaram e economizam e as que não avaliam a necessidade da compra, e nem se cabem no orçamento. “Enquanto para alguns a data é oportunidade de ganho, para outros faz aumentar ou criar um endividamento”, observa. Ele ressalta que o consumidor precisa se perguntar se realmente necessita daqueles itens e se o orçamento permite a compra. “Outra dica importante é a compra consciente. É fundamental que o consumidor avalie se precisa ou não do produto. Na maioria dos casos, o prazo para devolução sem custo é de sete dias, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. No caso das compras online, os prazos de entrega costumam ultrapassar uma semana. O consumidor utiliza a Black Friday para fazer compras de natal, mas muitas vezes esquece que os prazos de entrega serão longos e não poderá fazer a troca. Às vezes o produto não agrada, não chega na data desejada. O melhor é avaliar se ele realmente necessita daquilo”, explica o economista Wilson Rocha.
Ouça a entrevista com o economista Wilson Rocha
Para evitar as dívidas, o economista diz que é preciso planejamento. “Comprar adequadamente e com bons descontos é um dos principais segredos da educação financeira e da arte de poupar. Mas não recomendo que comprem coisas que não estejam dentro de seu planejamento, pois, normalmente são nos impulsos das promoções e do consumismo descontrolados que as pessoas se endividam”, alerta o especialista. Além disso, o comprador deve estar atento nos preços dos produtos para que não seja enganado. “Muitas lojas prometem proporcionar grandes descontos para os consumidores. Contudo, todo cuidado é pouco, pois, o que se observou no ano passado foi que, na verdade, muitas marcas agiram de forma errada com os clientes, elevando os preços expressivamente alguns dias antes, para, depois, dar os “descontos”.
Através de pesquisas eficazes Wilson Rocha diz que os consumidores conseguem algumas vantagens na Black Friday. Com os descontos, eles têm a oportunidade de comprar por um preço que cabe no bolso algo que estavam precisando, mas não tinham condições. O economista também alerta sobre alguns cuidados: “Temos o Natal, as férias e o ano-novo, é uma fase de gastos. Por isso, é importante que o consumidor compre apenas o que de fato cabe no orçamento e confira se o desconto é realmente relevante”.
Dicas
A Black Friday acontece no dia 24/11, mas as propagandas já não param de falar no dia de ofertas. Aproveitá-lo, contudo, depende em grande medida da forma como planejamos as nossas compras. O Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) alerta: é preciso ter cuidado para não cair em armadilhas. Segundo o coordenador do órgão, Marcelo Barbosa, a Black Friday é uma oportunidade para que lojistas provem sua capacidade de manter uma relação comercial transparente com os consumidores, oferecendo descontos reais nos produtos anunciados. “Nenhum comerciante é obrigado a participar da Black Friday, mas os que participarem devem fazer por merecer a confiança de seus clientes”, afirma. Ele acrescenta que os órgãos de defesa do consumidor estão atentos e que “qualquer abuso detectado será prontamente combatido com os instrumentos previstos pela legislação (Código de Defesa do Consumidor).
Confira algumas dicas do Procon para não fazer compras ruins na Black Friday, especialmente no universo on-line:
- Não faça compras por impulso. Analise seu orçamento; reflita se você realmente precisa daquilo; avalie se essa compra não vai desequilibrar suas contas.
- Durante esta semana e a próxima, pesquise o preço do produto que pretende adquirir, bem como as condições de pagamento disponibilizadas pelos diversos fornecedores. Na sexta-feira (24), confira se o produto faz parte da Black Friday e compare seu preço com os que você coletou.
- Visite estabelecimentos diferentes e compare os preços dos produtos que pretende adquirir.
- Muito cuidado com sites falsos. Eles são praticamente idênticos aos originais. Suspeite de ofertas muito tentadoras. Em caso de dúvida, ligue para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa e confira se o preço praticado é aquele mesmo. Em 2016 o Procon Assembleia detectou, em uma rede social, o anúncio de uma TV por menos da metade do preço normal, supostamente publicado por uma grande loja de varejo. Uma ligação para o SAC da empresa foi o suficiente para comprovar que se tratava de uma fraude. Evite acessar sites que são enviados por e-mail ou SMS.
- Grave todas as telas e comunicações eventualmente realizadas com o fornecedor.
- O site da ALMG contém um link para uma lista preparada pela Fundação Procon SP chamada “Evite esses sites”, contendo o endereço eletrônico em ordem alfabética, razão social da empresa e número do CNPJ ou CPF, além da condição de “fora do ar” ou “no ar”. Essa lista é composta por sites que cometeram fraudes ou que não puderam ser encontrados, quando notificados pelo Procon.
- O site deve conter o nome da empresa, endereço físico e demais informações necessárias para que o fornecedor possa ser localizado e contatado. O Procon Assembleia recomenda ligar para confirmar todos os dados.
- Verifique se o site é seguro: no momento da transação, confira se no canto inferior da tela há um cadeado ou chave. Atualize seu programa antivírus, bem como os programas de monitoramento contra spywares e firewall.
- Forneça apenas os dados solicitados pelo site durante a transação, nada mais.
- Fique atento à reputação do vendedor. Verifique depoimentos, reclamações e as avaliações da empresa. Os sites “Reclame Aqui” e “Consumidor.gov.br” são boas fontes para essas informações.
- Guarde todos os dados da compra, como o nome do site, produtos pedidos, valor pago, forma de pagamento, data de entrega do produto e número de protocolo da compra ou do pedido, se houver.
- Direito de arrependimento: nas compras on-line, o consumidor pode desistir da compra no prazo de sete dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço. O fornecedor deve informar, sempre de maneira clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor.
- Não faça compras ou qualquer operação bancária utilizando computadores de lan houses ou cybercafés. Eles podem conter programas maliciosos que furtam números de cartões de crédito e senhas.
- Não se impressione com aqueles cronômetros enormes em contagem regressiva informando que a promoção está acabando. Isso é apenas uma pressão para que você compre logo, sem pensar muito.
- Em caso de reclamação ou dificuldade, procure o Procon de sua cidade. Em Manhuaçu, o órgão está instalado na Praça Cinco de Novembro, 339, agora na sala 103, no térreo do Edifício Expansão Cultural. O horário de funcionamento é de 7h às 18 h, de segunda à sexta-feira. No entanto, o atendimento ao público ocorre somente no período da tarde, entre 12 e 18hs. O período da manhã é reservado para reuniões, montagens de processos e audiências. O telefone é (33) 3331-3940.
Danilo Alves – Tribuna do Leste