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Reflexão: Crianças nas redes

Pe. Mundinho, sdn

Estamos em novos tempos, vivemos na pós-modernidade, onde gravitamos no mundo virtual que nos advém da informática, veiculado pela internet. Nossos atos, nossas vidas passam a ser expostas nas redes, ou somos nós que nos expomos nas redes sociais? O mundo virtual nunca esteve tão presente no dia a dia das famílias – e começa a fazer parte da vida dessa nova geração cada vez mais cedo.

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Uma pesquisa realizada pela Kaspersky Lab, empresa de segurança virtual, mostrou que 96% dos usuários no mundo inteiro compartilham suas informações digitalmente e 66% dos pais dividem com a rede fotos e vídeos dos filhos. Outro estudo, do C.S. Mott Children’s Hospital National Poll on Children’s Health (Estados Unidos), revelou que mais da metade das mães e pelo menos um terço dos pais usam a internet para discutir questões relativas aos filhos.

Tornou-se um fenômeno a exposição dos filhos nas redes como alguma coisa prazerosa que enche os olhos e o coração dos pais. Mais da metade das crianças entre 6 e 9 anos já têm perfil no Facebook. Bebês ganham contas no Instagram mesmo antes de conseguirem segurar um celular. Sim, a infância foi parar nas redes. E essa exposição tem um custo.

Viralização

O grande problema da era digital é a facilidade de disseminação do conteúdo. Em poucas, uma imagem pode ser acessada, curtida, compartilhada por diversos meios milhares de vezes.

Tudo isto mostra a fragilidade da pessoa humana, sobretudo, das crianças expostas a um público que se compõe de gente boa, mas de muita gente má, com intenções malévolas, aproveitadores que usam das informações obtidas no mundo virtual para concretizarem suas maldades: atentados e crimes contra o ser humano.

Misturar a vida real com a digital é um caminho sem volta

Antes de postar qualquer imagem do seu filho na rede, é importante e vital se perguntar pelos resultados posteriores. “O que quero com essa postagem do meu filho? ”, “Por que vou postar outra foto dele agora? ”. É importante que os pais tracem filtros e limites do que e quando postar algo das crianças na internet; afinal, estamos falando do patrimônio mais importante que temos: os nossos filhos, expressou Daniel Machado, Missionário da Comunidade Canção Nova.

Os pequeninos são indefesos diante da lente de seus genitores, da mesma forma que se tornam reféns da necessidade de exposição dos pais. Existem momentos na vida que são únicos e merecem recordações, mas que também são sagrados e merecem proteção. São momentos íntimos da criança. Isso não significa que não possam ser eternizados numa foto para compor o álbum da família, mas que não precisa ser exposto para um público desconhecido que venha a perturbar a vida da pessoa no futuro.

Fotos íntimas e pedofilia

Infelizmente nos últimos anos os crimes sexuais envolvendo menores aumentaram consideravelmente, muito em parte pela facilidade de disseminação de fotos e vídeos envolvendo crianças e adolescentes.

De acordo com a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), a pedofilia está entre os crimes mais praticados na internet. “Fotos íntimas de crianças, ou nas quais aparecem sem camisa ou tomando banho, por exemplo, atraem a atenção de pessoas mal-intencionadas”, diz a advogada Isabela Guimarães Del Monde, especialista em Direito Digital e sócia-diretora do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados.

Medidas Legais

Mesmo os pais sendo responsáveis, devendo limitar a exposição de seus filhos na rede, muitas vezes acontece de amigos ou parentes divulgarem imagens sem que haja autorização. O ideal seria que sempre houvesse uma consulta prévia para saber se os pais se incomodam ou não que determinada foto seja divulgada, o que não costuma acontecer.

O Artigo 5º, X da Constituição Federal é uma regra de preservação da imagem que, em consonância com os art. 12 e 20 do Código Civil, estabelecem a possibilidade de proibição de divulgação da imagem, como medida protetiva ante os riscos da exposição da imagem infantil.

A vida real misturada com a vida digital pode ser um caminho sem volta.

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