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Palavra de vida: 30º Domingo comum

1ª LEITURA – Ex 22,20-26

Este trecho do Código da Aliança (Ex 22,2127) pretende explicitar a prática do mandamento do amor, ou seja, como o povo de Deus deve se relacionar depois que ele foi libertado da opressão egípcia. O relacionamento novo deve ser dominado pelo amor, principalmente com os menos favorecidos, como os estrangeiros, as viúvas, os órfãos, os pobres e endividados. A experiência sofrida pelo povo é a base do novo relacionamento e do respeito pelo próximo: “Não maltratem nem oprimam os estrangeiros, pois vocês foram estrangeiros no Egito”. Eles não devem repetir os esquemas dos seus opressores. Se esses oprimirem a viúva e o órfão, a mão de Deus vai pesar sobre eles, “suas mulheres ficarão viúvas e seus filhos ficarão órfãos”. Parece que a exploração já reinava quando o autor escreve. É por isso que ele exemplifica os casos. “Se emprestarem ao pobre não o explorem com juros altos. Se tomarem o manto do pobre como penhor, devolva antes do pôr-do-sol, pois eles não têm com que se cobrir”. Numa sociedade de grandes desníveis sociais e de exploração dos grandes sobre os pequenos, os pobres não têm ninguém por eles, por isso o próprio Deus assume a proteção do desvalido: se ele gritar a mim, eu o escutarei, porque sou misericordioso. Javé é o defensor do pobre. Como Deus ampara e defende os marginalizados hoje? 2ª

LEITURA -1Ts 1,5c-10

Estamos ainda dentro da ação de graças do apóstolo por causa da fé, esperança e amor da comunidade (v.3). Paulo quer que eles recordem como ele agiu entre os tessalonicenses para o bem deles e como eles se comportaram como verdadeiros imitadores do apóstolo e do Senhor, mesmo tendo Paulo chegado lá com as marcas da fragilidade, por causa das torturas sofridas em Felipe. Não obstante isso, eles acolheram o Evangelho com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações, ou seja, perseguições, incompreensões, maus tratos, conflitos. Paulo relembra ainda, que eles se tornaram modelos para toda a região. A divulgação da Palavra partiu deles. A fé deles iluminou a vida do povo da Macedônia e da Acaia. É este mesmo povo que dá testemunho como os tessalonicenses acolheram o apóstolo e como eles se converteram abandonando os falsos deuses para servir ao Deus vivo e verdadeiro. Contam também a viva esperança deles a respeito da vinda gloriosa de Jesus, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. É Jesus que nos livra do castigo futuro. Numa palavra, os tessalonicenses fiéis na fé, esperança e caridade se tornaram para o povo da região luz, fermento e sal. É por tudo isso que Paulo agradece a Deus. Podemos pelas mesmas razões agradecer a Deus pelas nossas comunidades?

EVANGELHO – Mt 22, 34-40

As lideranças que hoje querem fazer Jesus cair numa armadilha são fariseus e saduceus. Eles querem encontrar um pretexto para condenar Jesus, mas não estão conseguindo. Fariseus eram especialistas nos mandamentos da Lei. Eles dividiam os mandamentos em 365 proibições e 248 prescrições. A soma dava 613 mandamentos. Eles conheciam tudo direitinho e discutiam qual era o maior. Para alguns, a observância do sábado ocupava o primeiro lugar, aliás, era até a síntese da Lei. Eles se aproximam para tentar Jesus como o demônio no deserto (4,1s). A pergunta é: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus responde, citando Dt 6,5 que fala do amor a Deus de modo pleno e em todos os momentos da vida. Todos conheciam essa passagem, pois fazia parte da oração da manhã do povo judeu. Jesus fala que esse é o maior e o primeiro. Mas completa, dizendo que o segundo é semelhante a esse: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Aqui Jesus mais uma vez desmascara os fariseus que desconsideravam o povo pelo fato de não saber ler, e, portanto não conhecer a Bíblia. Os fariseus desprezavam o povo e o consideravam maldito e impuro, fadado à condenação. Eles achavam que era possível amar a Deus, odiando o povo. Jesus vincula o amor a Deus com o amor ao próximo. Aliás, não cumpre a Lei quem despreza o povo, pois “toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”. É muito provável que esta apreciação negativa sobre os fariseus não venha diretamente de Jesus, mas da redação de “Mateus”, quando da escrita do evangelho. Na verdade, depois do ano 70 (destruição de Jerusalém) sobreviveu apenas o partido dos fariseus, que polemizavam com os cristãos e acabaram rompendo com eles e os expulsando da sinagoga.

Dom Emanuel Messias de Oliveira

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