Maior bioma do mundo corre risco de desmatamento
A Amazônia ocupa quase metade do território brasileiro, 49,29% do país. Por um capricho do destino, somos os guardiões de 60% desta que é a maior floresta tropical do mundo. Um tesouro incalculável e único em sua sociobiodiversidade. Com o objetivo de a refletir sobre a importância da floresta para o Planeta, o dia 05/09, foi estabelecido como o dia da Amazônia. O bioma possui cerca de cinco milhões e meio de quilômetros de floresta e abrange nove países, entre eles Brasil, Venezuela, Guianas, Suriname, Bolívia, Colômbia, Peru e Equador.
A data foi escolhida como forma de homenagear a criação da Província do Amazonas por D. Pedro II em 1850. Nessa data o objetivo principal é alertar a população a respeito da destruição da floresta e de como é possível ter desenvolvimento sem que seja necessária a destruição dessa importante fonte de biodiversidade. Desde que foi sancionada, a data comemorativa tem procurado cumprir com três objetivos: educar e informar os mais jovens sobre a preservação, debater os principais problemas e conscientizar a todos sobre a importância da floresta amazônica para o meio ambiente.
De acordo com ambientalista Eduardo Bazém, estudos da organização WWF Brasil indicam que a floresta é refúgio para cerca de 40 mil espécies vegetais, 427 espécies de mamíferos, 1.294 de aves, 378 de répteis, 400 de anfíbios e 3 mil de peixes de água doce, além das mais de 100 mil espécies de invertebrados. “A adaptação desses indivíduos é possibilitada pelos fatores climáticos da região: o clima é quente e há variedade de ecossistemas”.
O ambientalista afirma que a Amazônia sofre constantemente com o desmatamento, principalmente em decorrência do avanço das plantações de soja e da pecuária. Além disso, esse rico bioma também enfrenta a extração ilegal de madeira, a criação de grandes hidrelétricas e a mineração, problemas responsáveis pela destruição de grandes áreas da floresta. “Apesar de muitas pessoas considerarem essas atividades importantes para a economia do país, deve-se lembrar que a exploração desenfreada pode destruir o bioma e causar sérias consequências para o planeta, uma vez que ele tem um papel fundamental no equilíbrio ambiental da Terra e influência direta sobre o regime de chuvas de toda a América Latina”.
Ouça a entrevista com o ambientalista, Eduardo Bazém:
Além disso, pesquisas indicam que a vegetação da Amazônia pode ajudar na diminuição do dióxido de carbono da atmosfera, uma vez que age absorvendo carbono. Outro ponto importante é que a destruição da floresta e a queima de biomassa estão relacionadas com a liberação de uma grande quantidade de dióxido de carbono. Sendo assim, o desmatamento da Amazônia influência nas mudanças climáticas mundiais. Eduardo Bazém pontua que os danos irreversíveis causados ao ecossistema através do desmatamento normalmente são motivados pela necessidade de pasto para criar gado ou mesmo para abastecer o estoque das madeireiras. O mesmo problema interfere não só na beleza e no equilíbrio da floresta, mas também na sobrevivência dos animais, que devido ao desflorestamento acabam ficando sem o habitat natural.
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Ocupando uma área de 46.450 km² entre os estados do Pará e Amapá, em plena Floresta Amazônica, a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) foi instituída em 1984 pelos militares, com o objetivo de promover pesquisas públicas sobre a incidência de minerais naquela zona.
No dia 23 de junho, o governo brasileiro publicou um decreto, extinguindo a Renca e autorizando a iniciativa privada a explorar partes dessa região, e a preocupação ambiental acabou tomando conta da discussão. Para Eduardo Bazém, o decreto é uma insanidade política. “Os políticos não estão sabendo o que está acontecendo em Brasilia e muito menos o que ao nosso meio-ambiente. Uma área maior do que o estado do Espirito Santo está sendo entregue igual a doce para criança. Aonde nós vamos parar. Estamos em uma luta para preservar os recursos naturais do Brasil e presenciamos esse ato criminoso. Nós, brasileiros devemos resistir e batalhar até o fim, seja por meio das redes sociais ou outros mecanismos de comunicações. Temos que nos unir: a mídia, os ambientalistas, a sociedade de um modo geral, devemos lutar contra esse grave crime ambiental”, finaliza o ambientalista.
Amazônia em números
6,7 milhões de km2 entre Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Suriname, Peru, Venezuela
6 dos maiores patrimônios naturais da humanidade encontram-se na Amazônia
É formada por mais de 600 diferentes de habitats terrestres e de água doce.
Maior bacia hidrográfica do mundo
16% do escoamento fluvial do mundo para os oceanos
Abriga 10% da biodiversidade do mundo
Mais de 40.000 espécies de plantas catalogadas
Mais de 10.000 espécies de plantas para uso medicinal
Mais de 3.000 espécies de árvores
Abriga mais de 1/4 das espécies de macacos do planeta
Mais de 427 espécies de mamíferos
Cerca de 1.300 espécies de aves
378 espécies de repteis
Mais de 400 espécies de anfíbios
3.000 espécies de peixes
68 gêneros de formigas
Mais de 78 espécies de orquídeas
Entre 96.660 e 128.840 espécies de invertebrados descritas pelos cientistas até o momento
Cerca de 50.000 espécies de insetos
Danilo Alves – Tribuna do Leste