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Palavra de Vida: 17º domingo comum

1ª LEITURA -1Rs 3,5.7-12

Estamos no início do reinado de Salomão – ano 971 a.C.

A oração de Salomão

Primeiro – Salomão constata sincera e humildemente a sua situação. Muito importante na oração é a abertura do coração para Deus, sem falsidade, mas com muita sinceridade e confiança, reconhecendo quem é Deus e quem somos nós. Salomão foi feito rei no lugar do grande rei Davi, seu pai. Com muita humildade reconhece que ainda é jovem demais para tamanha responsabilidade. Reconhece também sua incapacidade para governar.

Em segundo lugar, ele reconhece que Deus é o Senhor, e o povo pertence a Deus. O rei é um servo de Deus em favor do povo, que, aliás, é um povo numeroso. Diante de tudo isso faz o seu pedido. O que ele pede? Pede um coração dócil com um duplo objetivo:

– Ser capaz de governar o povo de Deus com retidão;

– Ser capaz de distinguir entre o bem e o mal.

Essas são as duas características básicas do rei: governar e julgar. Isso significa viver em função do povo e não fazer o povo viver em função do rei.

A resposta de Deus

A oração de Salomão agradou a Deus, pois Salomão pediu sabedoria para governar com justiça em favor do povo de Deus. Muitos, pensando só em si, pedem longa vida, riquezas e a morte dos inimigos. O que Deus vai dar a Salomão? Vai dar muito mais do que ele pediu: “Dou-lhe um coração tão sábio e inteligente como nunca houve outro igual antes de você, nem haverá depois”. Salomão foi considerado de fato um rei muito sábio e inteligente. Pena é que essa sua boa intenção inicial durou pouco. A febre do poder tomou conta do coração de Salomão. Fez aliança com povos estrangeiros, favoreceu o culto de outros deuses e oprimiu  o povo de Deus. Riqueza, poder e glória facilmente corrompem os corações bem intencionados.

2ª   LEITURA – Rm 8,28-30

 A Bíblia de Jerusalém (BJ) coloca um título para estes 3 versículos: O plano da salvação. “Que plano é este? Levar toda a humanidade a ser imagem do seu Filho, a ser filho no Filho, ou seja, levar o homem e a mulher à glorificação em Cristo. É assim que Deus é glorificado em nós. Deus nos chama para participar da vida divina e coopera conosco para que isto aconteça. Quem não tem experiência dessa solicitude e ternura de Deus em sua vida? Esse destino glorioso a que todos somos chamados nos levará a uma relação de fraternidade dependente de Cristo. Quer dizer, Cristo restitui em nós a integridade da imagem de Deus perdida pelo pecado e se torna “o primogênito entre muitos irmãos”. A iniciativa divina em nosso favor é aqui apresentada pelo apóstolo em cadeia sucessiva, mas não se trata de sucessão no tempo. É o v. 30:  “Os que predestinou também chamou; e os que chamou, também os justificou, e os que justificou também os glorificou”. Tem-se a impressão de que alguns são chamados e outros são excluídos. Mas essa ideia é errada. Deus não exclui ninguém do seu desígnio de salvação. Todos podem ser predestinados, chamados, justificados, glorificados. O conceito de destino e predestinação, que está na cabeça de muita gente, não tem nada a ver com o que Paulo nos ensina aqui. Deus não destina alguns para o infortúnio, o mal, o inferno, e outros para o sucesso, a glória, o céu. Deus nos ama profundamente e não quer que ninguém se perca. “Ele não quer a morte do pecador, mas quer que ele viva”. Essa frase que fala da predestinação diz respeito ao desígnio salvífico  e amoroso de Deus com relação a toda a humanidade. Se você quer um reforço para esta idéia, veja Jo 3,16-17: “Pois Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único, para que todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. Veja também as parábolas da misericórdia em Lc 15.

EVANGELHO – Mt 13,44-52

Estamos diante de 3 pequenas parábolas e uma conclusão.

  1. A parábola do tesouro escondido (v. 44)

O sentido da parábola não está nem no fato de achar o tesouro, nem na venda do que se possui, nem na compra do campo. O sentido está no conjunto da parábola, na dinâmica, do movimento, no “estado de ânimo” de quem encontra o tesouro. O sentido seria: acontece com o Reino de Deus o que acontece com um homem que encontra um tesouro escondido no campo. O que ele faz? Tudo se torna secundário. Na sua frente ele só vê aquele tesouro. Aquilo preenche o sentido da vida dele, por isso ele fica disposto a uma opção radical. A parábola salienta esta disposição, esta coragem de mudar, de arriscar tudo: uma alegria profunda e uma capacidade de optar, exclusivamente, por aquele tesouro, que é o Reino de justiça. É interessante notar que não se pede uma renúncia em prol do Reino, mas a descoberta do Reino é que nos leva a uma opção radical capaz de relativizar e mesmo renunciar a tudo e com muita alegria.

  1. A parábola da pérola de grande valor (vv. 45-46)

Com pequenos pormenores temos aqui o mesmo significado da parábola do tesouro escondido. O sentido é a disposição de se vender tudo o que se possui e investir no Reino, pois para quem encontrou o sentido da vida na luta pela justiça do Reino nada mais faz falta.

  1. A parábola da rede (vv. 47-50)

Ela nos faz lembrar a parábola do joio e diz respeito ao juízo final. A parábola do joio lembrava que convivemos com bons e maus e somente a Deus compete o julgamento, a separação. E Deus deixa para o fim. Aqui o sentido é o mesmo. Temos “peixes bons” (que segundo a Lei judaica se podiam comer) e “peixes ruins”. No fim do mundo haverá o julgamento. É interessante que a parábola frisa a sorte dos maus, que serão lançados na fornalha ardente, que não é outra coisa senão a absoluta ausência do Deus da vida na “vida” de quem radicalizou-se no egoísmo. É a tremenda e apavorante solidão radical de quem nasceu para a vida de comunidade, de quem foi chamado para a comunhão trinitária.

  1. Conclusão

Jesus pergunta se eles entenderam tudo; e eles respondem que sim. O sim dos discípulos não é teórico, mas quer retratar a prática da justiça do Reino já vivida na comunidade, onde o evangelho foi escrito. Daí a conclusão: “Por isso, todo escriba que se tornou discípulo do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que do seu tesouro tira coisas novas e velhas”. Essa conclusão pode ser uma assinatura do evangelista, ou seja, uma referência a ele, que, está sabendo aplicar os ensinamentos de Jesus a sua comunidade, uma vez que Mateus é o evangelista que mais cita o Primeiro Testamento (coisas velhas) à luz da novidade de Jesus (coisas novas).

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