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Palavra de Vida: 12º Domingo Comum

1ª LEITURA – Jr 20,10-13 

Jeremias foi o profeta que anunciou e presenciou o Exílio Babilônico no século VI (586 a.C.). Foi mais do que todos os outros profetas perseguido, caluniado, maltratado, ameaçado de morte. Sua vida de sofrimento se aproxima muito da do profeta de Nazaré, 600 anos depois. Suas angústias e desabafos são registrados nas chamadas “Confissões de Jeremias”. A primeira leitura de hoje faz parte da última “confissão” (Jr 20,7-18). O que nos dizem estes versículos de 10 a 13?

Primeiro: Constatando a realidadede  perseguição

O profeta prevê a desgraça de todos, mas, ao mesmo tempo, se sente encurralado, vítima de suas próprias atitudes proféticas. Sua fidelidade a Deus lhe compra brigas e ameaças de todos os lados. Até seus amigos estão de olho para poder derrubá-lo. Seus inimigos fazem falsas acusações, armam ciladas, tramam sua morte.

Segundo: A certeza da proteção Divina 

O profeta tem uma confiança inabalável em Deus. Deus é para ele como um valente guerreiro. Está do lado dele, como está sempre do lado do justo, apesar das aparências em contrário. Ele sabe que seus perseguidores tropeçarão sem nada conseguir. Eles serão cobertos de extrema vergonha e de inesquecível infâmia. A diferença entre o santo e o pecador é esta: o santo no seu sofrimento não perde a confiança em Deus, nem se afasta dele, antes, pelo contrário, transforma seu sofrimento em oferta, em oração confiante, em momento de maior intimidade com seu Senhor.

Terceiro: Oração confiante 

O profeta vê a Deus como seu advogado, a quem ele entrega sua causa. Deus é um advogado todo poderoso. Conhece perfeitamente a causa e profundamente seu profeta. Ele sonda os rins, quer dizer, a sua consciência. Deus conhece tudo e, por isso, pode salvar o profeta de seus perseguidores. Jeremias deseja ver a vingança de Deus contra seus adversários. Hoje, orientados pelo profeta de Nazaré, distinguimos a pessoa dos seus males. Lutamos sim pelo fim das injustiças, mas quanto ao injusto, colocamos o perdão na frente e desejamos sua mudança de vida, pois também o injusto é filho de Deus, embora mal orientado.

Quarto: convite ao louvor 

O profeta, tranquilizado pelo seu desabafo, e reabastecido pela sua prece confiante, convida a todos para cantar e louvar ao Senhor. Sua confiança é tão profunda que ele coloca já no passado a vitória futura da vida do pobre. Hinos e cânticos se justificam, pois o Senhor “salvou das mãos dos malvados a vida do pobre”.

Você é capaz de confiar profundamente em Deus diante dos sofrimentos e de cantar louvores ao Altíssimo, apesar da dor?

2ª   LEITURA – Rm 5,12-15 

O texto de hoje é continuação imediata do texto do domingo passado, onde o apóstolo lembra que, se Cristo por sua morte nos reconciliou, enquanto éramos pecadores, maior esperança temos que ter agora de sermos salvos por sua vida. Aqui, Paulo vai fazer um paralelo entre Adão e Cristo com o que eles trouxeram para a humanidade. O velho Adão é, por contraste, figura de Jesus Cristo, que é visto como Novo Adão. Quem é mais importante Adão ou Jesus? Se Adão é menos importante e trouxe tanto mal para a humanidade, como podemos avaliar o bem que Jesus trouxe, se ele é muito mais importante? Por isso São Paulo vai dizer que onde abundou o pecado superabundou a graça. Se Adão trouxe a morte, Jesus trouxe a abundância de vida.

O que Adão trouxe?

Adão, o homem velho, trouxe o pecado para o mundo e com o pecado a morte. Qual foi o pecado de Adão? O pecado de Adão consiste no orgulho e no egoísmo, que geram uma vida inautêntica e incoerente, distante de Deus. O pecado de Adão consiste na prepotência, no atribuir a si o direito de decidir sobre o bem e o mal. “Sereis como deuses”, diz a serpente. Adão quer ocupar o lugar de Deus; quer ser juiz em causa própria. Ele é solidário com o mal. Por que dissemos “consiste”? Exatamente para sublinhar que Adão está presente em cada um de nós, sempre que solidários com o mal, gerando morte ao invés de gerarmos vida. São Paulo toca no assunto da Lei para mostrar que antes da Lei já existia o pecado, e o pecado continua depois da Lei. A Lei não é capaz de anular o pecado e trazer a vida. O que a Lei traz é uma maior consciência do pecado.

O que Cristo nos trouxe?

Jesus, o novo Adão, recria o homem novo para a vida. A Lei não foi capaz de corrigir o mal que Adão nos trouxe. A Lei apenas nos dá maior consciência do nosso pecado. Mas Jesus supera Adão, supera a Lei, rompe com o círculo do pecado e traz vida nova e autêntica para todos. A humanidade solidária em Adão mergulhou no pecado sendo incapaz de se salvar, mesmo apelando para a Lei. Jesus, solidário com a humanidade, trouxe com sua morte de cruz a possibilidade de salvação para todos. Precisamos apenas acreditar em Jesus e ser solidários com ele. Rejeitando o orgulho, a arrogância, a prepotência e o egoísmo, fontes de todo o mal, busquemos a solidariedade no amor que Jesus nos trouxe. O amor autêntico arranca a raiz do mal e faz nascer a vida plena. A graça que Deus nos dá em Jesus Cristo é muito maior que o pecado gerado por Adão. Se acreditamos na desgraça gerada pela falta de um só homem-Adão, maior fé devemos ter na graça trazida por um só homem-Deus, Jesus com amor solidário. Nossa opção não pode ser por Adão, mas por Jesus Cristo.

Quando, por algum motivo, estivermos no baixo-astral – herança de morte do velho homem, Adão – devemos nos perguntar: tem sentido esta tristeza, se acreditamos na herança de vida concedida a nós gratuitamente pelo novo homem-Deus, Jesus Cristo?

EVANGELHO – Mt 10,26-33

Nosso texto pertence ao Discurso Apostólico ou discurso sobre a missão dos apóstolos. Um pouco antes das exortações de hoje, Jesus previne seus discípulos sobre os males que eles irão enfrentar. Eles serão enviados como ovelhas entre lobos (v. 16), serão entregues aos Sinédrios, serão flagelados (v. 17), serão odiados (v. 22). Numa palavra, os discípulos terão a mesma sorte do mestre (cf. v. 24). A frase que comanda o texto de hoje é: “Não tenham medo”. Ela aparece 3 vezes.

  1. a) “Não tenham medo dos homens” 

Jesus revelou para seus discípulos o mistério do Reino. Muita verdade foi revelada, ou pelo menos esclarecida, somente aos discípulos. “A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não”. Contudo a finalidade da revelação em segredo é sem dúvida para uma divulgação posterior, pois eles devem ser como uma lâmpada colocada sobre o candelabro para iluminar a todos (cf. Mc 4,21). Os discípulos devem ser mensageiros da verdade e para isso devem corajosamente enfrentar os donos da mentira, que não suportando a verdade, certamente reagirão com perseguição e violência. A lâmpada do discípulo-missionário não pode ficar escondida debaixo do alqueire, do caixote, do banco, inventando, assim, uma religião intimista, de sacristia. O discípulo-missionário tem que estar no meio do mundo, pois Jesus disse: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo”. O verdadeiro discípulo-missionário não deve ter medo do confronto. Ele deve assumir o medo, enfrentar a realidade hostil e proclamar a verdade, doa em quem doer. Certamente doerá em si mesmo como doeu em Jesus.

  1. b) “Não tenham medo dos que matam o corpo”

Os discípulos-missionários devem o temor-obediência a Deus e não aos homens. Os homens podem fazer mal ao corpo, mas só Deus “pode arruinar a alma e o corpo no inferno”. Se quisermos retomar a segunda leitura, podemos perguntar por quem optar? Pelo velho homem-Adão, ou pelo novo homem-Deus, Jesus Cristo? A quem devemos obediência? Em quem devemos depositar nossa confiança? Quem não teme a morte física, por causa do evangelho, ganha a vida.

  1. c) Não tenham medo do abandono de Deus

Jesus mostra como Deus cuida de coisas insignificantes como pardais e o cabelo de nossas cabeças. Ora, se Deus cuida, assim, de coisas insignificantes, muito mais cuidado ele terá com seus discípulos-missionários. Veja que frase confortadora: “Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais”. Causa preocupação a frase anterior. “No entanto nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai”. Quer dizer que o Pai pode consentir que um discípulo-missionário chegue ao martírio por causa do evangelho? É claro que pode, ele não consentiu na morte do seu próprio Filho? Só que como o Pai não deixou seu Filho na morte, mas o ressuscitou, assim dará vida a seu discípulo-missionário.

  1. d) Você decide 

Você pode optar por Cristo, enfrentando perseguição e até mesmo a morte, ou renegá-lo; ser a favor dele ou contra ele. Em contrapartida, a decisão final compete a Cristo diante do tribunal do Pai. Se sua decisão foi por ele aqui na terra, ele se declarará lá a seu favor. Tudo vai depender da sua solidariedade ou não solidariedade com a causa de Jesus. Você decide! Mas, atenção! Decidir como o velho Adão, como juiz de si mesmo, leva à ruína. Sua decisão deve ser a partir da Boa Nova de Jesus Cristo.

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