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Reflexão: O Servo de Deus, Júlio Maria

Pe. Mundinho, sdn

Os religiosos e religiosas, das Congregações fundadas pelo Pe. Júlio Maria de Lombaerd, entraram, na Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, com o processo de beatificação de seu fundador. É um processo longo, complexo, que passa por várias etapas, com o objetivo de apresentar para a Igreja e toda a humanidade a santidade de uma pessoa.  Os filhos e filhas espirituais do Pe. Júlio Maria entenderam que é importante dar a conhecer a vida deste homem, sua santidade e, dentro da fé cristã católica, apresentar este Servo de Deus, que poderá, um dia, comprovada sua santificação, interceder junto de Deus em favor de todos.

Não precisamos de intercessores! Jesus Cristo é o nosso único e eterno intercessor. No entanto, segundo a salutar tradição católica, ela indica alguns de seus filhos ou de suas filhas, como intercessores, não tomando o lugar de Jesus Cristo, mas tendo participação neste processo de distribuição das graças. Eles, segundo algumas provas e evidências, recebem as honras do altar, pois já atingiram a vida celeste. Estão juntos de Deus, com toda certeza, e de lá intercedem por nós que continuamos nossa caminhada na fé aqui na terra.

O que motivou os religiosos e religiosas do Pe. Júlio Maria apresentá-lo como seguro candidato à santificação? Obras, feitos, fruto de uma total dedicação ao Reino de Deus. Sua consagração, desde novo, ao serviço missionário e evangelizador o fez uma personagem diferenciada. Não é justo que a Igreja desconheça a vida deste homem que lutou incansavelmente pela propagação da fé, em gestos, em celebrações, em pregações, em catequese, em vida de profunda oração, em escritos, em fundações de obras sociais, educacionais, assistenciais e de saúde.

O Pe. Júlio Maria por onde passou deixou marcas inapagáveis de uma pessoa resoluta, consciente da missão recebida, capacitado, seja pelos dons pessoais, seja, pelo empenho de aperfeiçoamento, em tudo que se propôs fazer.

Muitas realizações surgiram, inicialmente, não de sua vontade ou de seus objetivos, mas da necessidade que a realidade lhe apresentou e lhe impôs. Seu temperamento de líder ativo não conseguia se conter diante das carências com que se deparava. Mediante uma comunidade sem escola, fundou vários colégios para educar a juventude. Criou instituições assistenciais para acolher os menores carentes. Não descuidou dos idosos e dos pobres. Atendeu doentes, espiritual e medicinalmente, acabou fundando hospitais, colocando ali suas irmãs religiosas para atender os enfermos. Assumiu paróquias enviando seus padres para o trabalho missionário. Sempre acreditou na força da imprensa, em sua época. Por isso escreveu artigos e livros para catequisar e doutrinar os fiéis de então.

Ele já foi descoberto por especialistas e pesquisadores que têm se debruçado sobre sua obra escrita: jornal, revista e livro. Na década de 30 e meados de 40, sua influência na vida eclesial do Brasil é significativa. Na militância de um fiel escudeiro, o Júlio Maria não perdeu tempo e espaço para influenciar o pensamento reinante. A Igreja necessitava de personalidades disponíveis, corajosas e audaciosas para defender a doutrina. Dentre alguns, se desponta o missionário belga que fez da pena a ferramenta de defesa da fé cristã. Não se intimidou! Não deixou de trazer sua contribuição para a irradiação e sustentação de um catolicismo militante que não se omitiria ao ver a Igreja perder o espaço de influência que sempre teve junto do Estado. Com o rompimento desta união a Igreja necessitava mostrar para a sociedade constituída o seu lugar na construção da história.

Pe. Júlio Maria, pregando Missões no NordesteNão por vaidade ou por puro espírito do poder, mas a presença da Igreja era determinante na defesa de direitos dos cidadãos católicos que se submetem a uma determinação de conduta condizente com os valores extraídos do Evangelho, dos ensinamentos que nos deixou Jesus Cristo.

Das periferias, do interior de algumas regiões do Brasil subdesenvolvido, é que partiu esta voz, incansável e corajosa ensinando com escritos e com gestos caritativos, com dedicação sacerdotal e ímpeto desenvolvimentista que Júlio Maria passou a chamar atenção do povo, dos bispos, dos políticos e gente detentora do poder. Não se intimidou, não se acovardou, seguiu em frente. Foi perseguido, correu riscos e morreu trabalhando.

É este Júlio Maria que agora chega à Sagrada Congregação para ser conhecido e reconhecido como o fiel servidor de Jesus Cristo que cumpriu bem sua missão.

Cabe aos fiéis a espera orante e esperançosa de, dentro em breve, sua beatificação seja comprovada através de um ato miraculoso por força de sua intercessão junto de Deus em favor de alguém.

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