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Empreendedora fornece dicas para quem deseja abrir o próprio negócio

Especialista afirma que o empreendedor deve ter paixão e estar ciente de que os riscos são muitos, mas o retorno vale a pena

Abrir um negócio é sempre um grande desafio. Muitos empreendedores se concentram apenas na ideia e esquecem o principal: elaborar um bom planejamento estratégico e financeiro. Porém, para quem ainda está dando os primeiros passos na criação de um negócio próprio, há ainda mais uma dificuldade: a falta de experiência. Aprender com quem já passou pelo que você ainda irá passar é fundamental para evitar erros de principiante. Por isso, o jornal Tribuna do Leste ouviu a empreendedora brasileira Bel Pesce, que forneceu algumas dicas sobre o que é essencial ao montar uma empresa para se tornar um pequeno e médio empreendedor.

Aos 17 anos, Bel Pesce saiu de São Paulo para estudar no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA). Graduou-se em dois cursos: administração e engenharia elétrica e ciências da computação. Mudou-se para o Vale, onde trabalhou no Google e na Microsoft e foi membro da equipe fundadora da Lemon, de aplicativos de finanças pessoais. A empreendedora destaca as características que um empreendedor deve ter para implementar ideias inovadoras em seu negócio. “Considero relevante para todo tipo de empreendedor ter disposição para desenvolver habilidades comportamentais para o seu projeto. É preciso ter uma visão de onde se quer chegar e iniciativa para tomar decisões e levá-las adiante. Também é fundamental ter resiliência para saber se levantar depois das quedas.  Para mim, habilidades comportamentais englobam saber usar os recursos que se tem às mãos, em vez de reclamar dos recursos que faltam. Tudo isso é muito relevante”.

Bel Pesce, ressalta que, para ser empreendedor, a pessoa não precisa abrir uma empresa, necessariamente.“Por exemplo, você pode empreender dentro de grandes companhias, criando um novo departamento ou fomentando novas ideias. Você pode empreender na faculdade, começando algum grupo de discussão sobre algo em que tenha interesse. Empreender está muito relacionado a ter iniciativa para começar algo em que você acredita. E, por esse ângulo, todos podem ter um espírito empreendedor”.

Em contrapartida, para quem deseja ser dono do próprio negócio e teme começar a empreender através de parcerias, Bel Pesce afirma que há pessoas que trabalham muito bem sozinhas, mas uma parceria pode ser importante a longo prazo. “Não é 100% necessário que você tenha um sócio, mas quando se trata de começar uma companhia, você precisa estar muito preparado para altos e baixos. Ter alguém que te complemente profissionalmente pode ser decisivo para que a empresa não colapse. A questão deconfiança é muito importante: se possível, encontre alguém em quem você confia de olhos fechados. Isso não acontecerá da noite por dia, então muitas vezes pode levar anos até que essa confiança seja construída”, esclarece.

A empreendedora brasileira afirma que os empresários brasileiros têm vocação para ideias inovadoras e criativas, pois quanto mais desafiador o ambiente onde se vive, mais o empreendedor é forçado a criar soluções inovadoras. “E, nesse aspecto, o brasileiro sabe desenvolver inovações porque aprendeu a sobreviver a partir dessas soluções inovadoras. Por outro lado, há leis e burocracias que acabam dificultando esse processo criativo”, enfatiza.

A falta de planejamento é uma das principais causas de mortalidade das empresas, e os erros são comuns, mas o importante, segundo Bel Pesce, é que as falhas sejam encaradas como um aprendizado. “O ideal é testar e validar seu negócio o mais rapidamente possível – e não ter medo de mudar completamente a estratégia caso seja preciso. Lembre-se de que, se você invalida uma ideia em pouco tempo, o prejuízo é menor. Além disso, a empreendedora entende que a competição é algo bom e que valida o mercado. Para lidar com o cenário competitivo, Bel diz que é importante descobrir qual é o seu diferencial: ‘um exercício bastante interessante é saber qual é a sua proposta de valor, o que você entrega e para quem”.

Outro ponto destacado pela empreendedora brasileira diz respeito ao fator tentativa/erro. Segundo Bel Pesce não é fomentar o erro, mas sim conseguir criar um ambiente que não condene as pessoas que tentaram fazer de forma diferente. “Quando você testa de forma menor, pode olhar para trás e avaliar o que funcionou e o que não funcionou. Se não funcionou, transforme o erro em aprendizado, pois agora você tem informações sobre o que pode dar certo”. Esta é uma das principais culturas do Vale do Silício, que, de acordo com Bel Pesce, é o ambiente mais competitivo e, ao mesmo tempo, colaborativo. “Para estimular a inovação, precisamos ter uma cultura que faça com que as pessoas falem abertamente. Uma das maiores limitações que temos é a aversão ao erro; é a mania de esconder o que deu errado e exaltar o que deu certo”, finaliza.

Danilo Alves – Tribuna do Leste

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