O café é o principal produto da pauta de exportações de Manhuaçu e região. É um importante gerador de empregos, renda e, principalmente, um meio de vida para milhares de agricultores mineiros. Em um território com sistemas de produção diversificados, regiões com relevos distintos, tamanho variado de propriedades e diferentes tecnologias adotadas, é fundamental ter padrões e informações tecnológicas que se adaptem às várias condições, testados e aprovados em campo que colaboram para que a atividade cafeeira seja conduzida de maneira lucrativa e sustentável.
Segundo o extensionista agropecuário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) Paulo César de Assis Pires, na cultura do café, um dos inconvenientes é a ocorrência desigual da maturação dos frutos. O ideal é que se inicie a colheita quando restarem apenas 5% de frutos verdes, podendo chegar ao limite de 20%. Quantidades grandes de frutos verdes na colheita do café ocasionam perdas na classificação por tipo, qualidade da bebida, desgaste da planta e valor do produto. “Quando se colhe com grande quantidade de grãos verdes ocorrem perdas qualitativas pelas alterações no tipo, bebida, sabor e aroma. A presença de frutos verdes acarreta também prejuízos quantitativos, pois maior quantidade de litros de café da roça será necessária para se obter uma saca de café beneficiada”.
Pré-colheita do café
Essa fase é de suma importância no gerenciamento da atividade cafeeira. Consiste em se fazer uma previsão da safra, levantamento de recursos materiais e financeiros; dimensionamento e revisão da infraestrutura e maquinários para o processamento do café; levantamento da necessidade de mão-de-obra e o preparo da lavoura para a colheita. Entre os trabalhos inseridos na pré-colheita consta a arruação ou limpeza, que consiste em fazer, quando necessário, uma limpeza próxima ou sob a saia do cafeeiro com rastelo ou rodo de madeira, arruadores ou sopradores mecânicos. “Entretanto, deve-se ter o cuidado para não retirar terra demais danificando as raízes da planta. Essa prática facilita a colheita no chão, melhorando a qualidade dos grãos colhidos”, analisa o extensionista da Emater-MG, Paulo César de Assis.
Período de colheita
A colheita é a operação mais onerosa na composição do custo de produção da atividade. Em razão disto e também decorrente da escassez de mão-de-obra e pouca qualificação da mesma, tem-se buscado alternativas visando à mecanização total ou parcial, dentro das limitações de cada região no que diz respeito à topografia. Além disso, as plantas de café devem ser bem nutridas para que deem origem ao máximo de frutos. No entanto, a má nutrição leva à produção de frutos imperfeitos, além de facilitar a entrada de doenças e pragas, que causam injúrias e imperfeições nos frutos. “Deve-se ter cuidado com a entrada das pragas e doenças, por meio do monitoramento e da prevenção, em áreas com problemas fitossanitários”, explica Paulo César de Assis Pires.
Trabalho em parceria
Com foco na agricultura familiar, a Emater-Mg oferece suporte técnico aos agricultores buscando o bem-estar da família, a qualidade de vida e a rentabilidade da atividade. Mesmo com a grande extensão em cafeicultura que Manhuaçu possui, a Empresa trabalha também a diversificação com hortifrutigranjeiros, produção de ovos, leite, focando a comercialização nos mercados institucionais como o PNAI – Plano Nacional de Ação para a Inclusão – junto as escolas e a Conab, segundo informou Paulo Cesar de Assis Pires.
A entidade repassa técnicas e informações de forma coletiva ou individual, por meio de palestras, dias de campo, reuniões e atendimentos in loco, sempre buscando ampliar a possibilidade do produtor ter um café com qualidade e melhor mercado e outras produções. Para isso, a instituição conta com dois agrônomos, um técnico agrícola, uma extensionista de bem-estar social e uma secretária dentro do município buscando atingir o máximo possível de agricultores familiares. “Para o produtor, o primeiro passo é procurar o escritório e daremos a assistência dentro do que for solicitado, após conhecer o terreno, informa o extensionista agropecuário.
De acordo com Paulo César, a Emater-Mg também possui relacionamento com as associações de comunidades rurais que participam do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS). As parcerias também são mantidas com os sindicatos dos trabalhadores e dos produtores rurais, sempre buscando atingir o máximo possível de agricultores familiares, que chegam a aproximadamente 90 % no município.
Danilo Alves – Tribuna do Leste
