A história de Maria Filisbina de Carvalho, 74 anos começa em 1979, quando ainda morava na região de Ibiúna, no estado de São Paulo, onde morava com o marido José Isidoro Gomes e com os filhos, Maria Aparecida, que na época tinha 13 anos, Juarez Gomes, 10 e os pequenos Juventino, Divino e Francisco, este com apenas 02 meses de idade.
Com uma vida sofrida e cansada de sofre agressões do marido que além de fazer o uso imoderado de bebida alcoólica batia na esposa e nos filhos, dona Maria decidiu vir embora para a casa de familiares em Minas Gerais. “Com muito custo vendi um saco de feijão e juntei com dinheirinho que tinha e vim embora para Santa Bárbara do Leste, pra casa da minha mãe, juntamente com os três filhos menores deixando Maria Aparecida e Juarez Gomes com o pai deles, com a promessa de que viria depois e traria as crianças”, disse dona Maria.
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Para a surpresa de Maria Filisbina, dois meses depois de ter chegado em Minas, seu marido aparece na casa de sua mãe. “Cadê os meninos? Perguntei assustada” – conta ela. “Ele não respondeu uma palavra e estava todo maltrapilho, com um embornal do lado com algumas tralhas e muito sujo e cheirando a álcool. Parecia um mendigo”, completa.
E deste de então nunca mais teve notícias dos filhos mais velhos. Depois mudou-se para Bom Jesus de Realeza e Santo Amaro, onde reside numa propriedade rural de um produtor rural juntamente com dois dos três filhos que veio com ela. “Pouco depois que mudamos pra cá, meu marido continuou na bebedeira e passados alguns anos ele morreu, sem dizer onde deixou as crianças. Depois o meu filho Divino morreu afogado e fiquei morando com Juventino e Franscico, que faz 38 anos agora neste mês de fevereiro”, ressalta Maria Felisbina.
A história de dona Maria Filisbina e sua família comoveu o proprietário da fazenda onde moram, o empresário Warninho, morador de Santo Amaro. “Eu sempre tive a vontade de ajudá-la, mas não sabia como, então conversei com uma amiga aqui em Santo Amaro, a Wênia, que na verdade foi quem tomou conta de tudo e graças a ela fomos encontrando os familiares que ainda moram em São Paulo”, disse o empresário.
Wênia Camilia, 24 anos, formada em Administração, tomou a iniciativa de buscar pelos filhos de dona Maria. “Como eu já sabia que ela morava em Ibiúna, São Paulo entrei na internet e através das redes sociais comecei a buscar os veículos de comunicação de lá e uma postagem na fanpage da rádio Voz de Ibiúna, uma pessoa se identificou com a história como sendo igual à do pai dela e começamos a trocar mensagens e fotos e ficou comprovado que o pai se tratava do filho de dona Maria, o Juarez. Nossa! A emoção tomou conta de todos nós”, conta emocionada.
A postagem na internet foi no dia 25 de janeiro deste ano e duas horas depois veio a primeira suspeita de que o filho de dona Maria estava vivo. “Assim que o post foi publicado foram começando os comentários até uma das filhas de Juarez ler o post e fazer contato conosco”, destaca.
Quando o fato foi comunicado à família em Santo Amaro a emoção tomou conta de todos e dona Maria Filisbina e os filhos não contiveram as lágrimas de felicidade. “Essa menina me deu o dia mais feliz da minha vida, eu nem sabia que eles estavam vivos e hoje eu sei que pelo menos um deles está bem e já com família criada, Deus é muito bom e cuida muito bem de todos nós e eu tenho fé em Deus que vou encontrar também a Maria Aparecida”, conta dona Maria.
Após um contato com telefônico com o filho Juarez, que a há 38 anos não vê a mãe nem os irmãos, ele conta que lembra pouco das coisas daquela época e que passou por momentos difíceis juntamente com a irmã, que com o correr dos anos acabou perdendo o contato. “O pai bebia muito e num dia desses de bebedeira ele simplesmente sumiu e nos deixou pra trás. Depois de cerca de 5 a 8 anos perdi um contato com a Maria Aparecida e já faz uns 30 anos que não tenho notícia dela. Hoje estou casado, tenho três filhos e um netinho está por vim e saber notícias da minha mãe foi uma das melhores coisas que me aconteceu”, conta por telefone.
Segundo Juarez a vontade agora é de encontrar e abraçar a sua mãe, desempregado a cerca de um ano por causa de um acidente, a família sente dificuldades em viajar para Santo Amaro de Minas. “Estamos fazendo de tudo para tentar ir dar um abraço na senhora. Mãe a saudade por todos esses anos foi imensa, ficar sem uma mãe é muito difícil, mas sobrevivemos e vencemos Graças a Deus e agora o que quero é nos encontrarmos para completar a felicidade da família, reencontrar com senhora levar seus netos para conhecê-la e abraçar meus irmãos, é isso que quero e se Deus quiser e com a ajuda de todos, nós vamos conseguir”, disse Juarez emocionado.
A expectativa é que essa história tenha um final mais feliz ainda, que a comunidade, empresários e poder público possam se mobilizar e ajudar a promover este reencontro. O sonho de dona Maria Filisbina de 74 anos é que isso aconteça até o dia 22 de fevereiro quando ela estará completando 75 anos.
Tribuna do Leste / Rádio Manhuaçu – Jailton Pereira