Facebook: psicóloga analisa os impactos da rede social no cotidiano da sociedade
Prestes a completar 13 anos, a rede social influencia crianças, jovens e adultos
Em 04 de fevereiro de 2004 nascia o Facebook, um fenômeno das redes sociais, dada a sua popularidade. Nesses quase treze anos muitos comportamentos mudaram. Aquilo que até então era considerado como foro íntimo passou a ser público: histórias de vida, intrigas pessoais, manias e segredos passaram a ser postados para um número cada vez maior de pessoas, transformando a vida particular de cada um de nós em um espetáculo nos moldes de um reality show.
Segundo a psicóloga Milene Coelho de Oliveira, o Facebook é conhecido como um lugar de “gente feliz”. Salvo algumas rusgas e desentendimentos, ou, ainda, revelações inesperadas, as pessoas cuidam para que suas imagens transmitam beleza e felicidade – neste sentido, esta ferramenta de relacionamento é o sonho da modernidade porque recria um ambiente onde quase tudo pode ser controlado e previsto. As imagens podem ser retocadas e o texto pode ser corrigido. Tudo isso antes de sua publicação. E também depois dela.
A confusão entre público e privado ficou mais evidente com o advento das redes sociais. E mais do que exibir a própria intimidade ou espiar a alheia, passamos a nos relacionar socialmente pelo mundo virtual. Um mundo exclusivamente de imagens e textos, previamente elaborados, o que faz toda a diferença, segundo a psicóloga. “Os comportamentos mudaram muito depois do surgimento do Facebook. Obviamente, a rede social possui pontos positivos – quando usada de maneira correta, como a divulgação de informações, o encontro de pessoas, e a exposição de ideias de forma saudável e consciente. Entretanto, o que é de foro íntimo e privado passou a ser público, e isso é um pouco complexo para sociedade dos dias de hoje. Muitas vezes a plataforma é usada como um divã, tendo em vista que a pessoa expõe a sua história de vida, os momentos felizes e, em alguns casos, as intrigas pessoais. E tudo aquilo que antes era algo resguardado e pessoal passou a ser exposto. A pessoa só vivencia uma experiência se postar e registrar aquele momento, tanto para o lado bom quanto para o ruim, e não sem antes receber as curtidas e comentários na determinada postagem”, analisa.
De acordo com Milene, o Facebook é conhecido como um lugar de “gente feliz”. Salvo algumas rusgas e desentendimentos, ou, ainda, revelações inesperadas, as pessoas cuidam para que suas imagens transmitam beleza e felicidade – neste sentido, esta ferramenta de relacionamento é o sonho da modernidade porque recria um ambiente onde quase tudo pode ser controlado e previsto. As imagens podem ser retocadas e o texto pode ser corrigido. Tudo isso antes de sua publicação. E também depois dela.
O impacto da rede social na sociedade pode ser comparado aos valores expostos pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman – falecido no último dia 09/01, conforme explica psicóloga Milene Coelho. “Tudo o que era para ser sólido, como os valores e as ações, tornaram-se princípios líquidos, ou seja, os acordos, os relacionamentos tornaram-se temporários e passageiros. Em relação ao Facebook, percebe-se que as pessoas iniciam um relacionamento e já postam que amam ou declaram amor eterno a determinada pessoa até acabar e vir o próximo. Tudo é válido até surgir algo novo, e por isso é um mundo liquido aonde os valores estão misturados”, salienta.
Uma boa forma de entender esta rede é analisar sua história. Pra quem assistiu ao filme A Rede Social, a história da criação do Facebook e do seu criador, pode observar que esta ferramenta surge a partir de um fora que Zuckerberg toma da namorada e, ao se sentir “expulso” de seu pequeno grupo (ele e a namorada), e há tempos excluído do grupo da faculdade, pelo simples fato de ser um nerd, decide se vingar criando um espaço virtual onde é possível falar daqueles que o excluíram. Acontece que o sucesso dessa vingança espalha-se rapidamente pela renomada Harvard, criando um novo “ambiente” social.
Treze anos de existência é um tempo demasiado para qualquer ferramenta virtual na modernidade dos dias de hoje, onde tudo deve mudar para sobreviver. O fato é que o Facebook é um marco histórico do mundo virtual, uma vez que promoveu, na vida de muitas pessoas, a substituição do tempo, da televisão, dos encontros presenciais com os amigos, por horas online.
Com o uso dessa parte da rede, a vida em frente a uma tela ou uma imagem tornou-se uma forma de viver tão ou mais comum que outras formas. “As redes sociais fazem parte da nossa vida. Mais que um instrumento ela é um ambiente onde vivemos e não podemos abrir mão dela, mas devemos saber usá-la”. Temos muita facilidade ao acesso a informação por meio da Internet, devido à mobilidade dos smartphones e tablets. A internet nos conecta com pessoas que nunca encontramos e com certeza nunca veremos pessoalmente, antes do Facebook e de outras plataformas semelhantes. E as redes sociais não são um conjunto de indivíduo, mas de relações entre indivíduos. O conceito chave não é mais a presença na rede, mas a conexão que cada um mantém entre si, por isso todo cuidado é pouco ao utilizar as redes sociais”, finaliza a psicóloga Milene Coelho de Oliveira.
Abaixo, a entrevista completa com a psicóloga Milene Coelho de Oliveira:
Danilo Alves – Tribuna do Leste