Músicos amadores lutam para o resgate da música regional no campo
De olho no resgate da música regional e a sertaneja raiz, um grupo de violeiros de Manhuaçuzinho decidiu levantar a voz com empolgação, tendo a certeza de que a música sertaneja tem a sua essência vinda da roça.
De pouco a pouco, o grupo foi ganhando notoriedade, passou a fazer apresentações nas comunidades, nas casas de vizinhos e em finais de semana, com a imensa vontade de alcançar outras pessoas que gostam e amam a música caipira. Mesmo com as mudanças ocorridas, os músicos amadores acreditam que o público gosta de ouvir as músicas mais antigas que falam do campo, que remete o passado que ficou tão distante. A influência de pessoas que ouvem e incentivam os artistas a não desistirem, possibilitou uma reviravolta no projeto que começou “acanhado” com quatro participantes e agora já soma um grupo com muitos.
Para fortalecer ainda mais o trabalho e avançar em busca do espaço, o grupo decidiu criar em abril do ano passado o movimento denominado Encontro de Cantores e Tocadores Amadores da Região (ECTAR), no sentido de resgatar a música regional, difundir a sertaneja de qualidade e mostrar que a viola, violão e o acordeon emocionam bastante e sempre fazem sucesso. Outro ponto relevante é que a música sertaneja tem uma história muito rica e que não é contada, nem mostrada.
O idealizador do movimento que está indo nas comunidades é o músico conhecido por “Zé Correinha”, que tem suas raízes no campo e conhece como ninguém as necessidades do resgate da música, da cultura e o incentivo para que talentos da música sejam descobertos no município de Manhuaçu. Ele reconhece que o processo de urbanização, que levou o homem para a cidade, também interferiu na trajetória da música caipira que acabou se tornado sertaneja. Sem esconder a alegria, ele conta que reunir os violeiros da região de Manhuaçuzinho, Palmeiras, São Pedro do Avaí e outras comunidades é um pouco difícil. “Zé Correinha” tem uma visão bem ampla para destacar a importância da música sertaneja raíz. Relata também que sente a necessidade de apoio, para que a cultura musical não corra o risco de morrer. Com sorriso, “Zé Correinha” diz que sua maior felicidade e dos parceiros na música é apresentar, se sentir artista e muita gente aplaudindo. “Temos um público fiel e numeroso que gosta da música caipira de verdade. Gostaria que essa ideia expandisse por todo o município, para que tenhamos mais violeiros cantando conosco aqui, em Manhuaçuzinho”, frisa “Zé Correinha”.
Entusiasmado com a música sertaneja, o médico veterinário, Leandro Lopes Dias de Alcântara conta que desde o momento que conheceu o grupo de cantores amadores de Manhuaçuzinho, percebeu que a vontade deles era maior do que a dificuldade enfrentada para estarem reunidos. A partir daí, iniciou-se um trabalho para a organização do grupo, que hoje faz apresentações em diversas comunidades. “O Encontro de Cantores e Tocadores Amadores da Região tem surpreendido nas apresentações e nos motiva a sonhar cada vez mais”, afirma Leandro Lopes. O grupo anseia mais apoio, parceria para que possa difundir a música regional e fazer da região um seleiro de talentos da música, que tem sua essência profunda, misturando o sertanejo e o regional, mas sem perder o respeito e a poesia.
Eduardo Satil