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“Chega a ser surreal”, reage deputado à prévia de estoques de conilon da Conab

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou antecipadamente uma apuração dos estoques de café conilon em 70% dos armazéns que deve vistoriar. A Companhia apurou, até então, que o estoque do grão encontrado em 70% dos armazéns privados dos estados do Espírito Santo, Rondônia e Sul da Bahia varia entre 1,5 milhão a 1,7 milhão de sacas.

Os números foram apresentados na quarta-feira, dia 11, ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, e a integrantes da cadeia produtiva. O secretário prevê que a disponibilidade do produto poderá chegar a 1,8 milhão de sacas. Os números, no entanto, geraram revolta no setor produtivo.

“Esse número chega a ser surreal. Mostra a incompetência técnica da Conab para tratar esse tema”, declarou, em entrevista ao CaféPoint, deputado federal Evair de Melo (PV/ES). Segundo ele, a metodologia da Companhia não abrange todos os locais onde há o grão. “A Companhia só trata com alguns armazéns credenciados. Esse número é irresponsável, é menos de 1/3 do número que nós levantamos e entregamos ao ministro”, explicou o deputado.

No ano passado, o parlamentar entregou o documento, que explica que foi assinado pela Federação da Agricultura do Espírito Santo, OCB, Centro de Comércio do Café de Vitória (CCCV). O levantamento dos capixabas apontariam que entre os estados produtores de Espírito Santo, Rondônia e Sul da Bahia, haveria cerca de 4 milhões de sacas de conilon.

Após a divulgação dos dados finais, a próxima reunião no Governo entre o secretário, os técnicos do ministério e da Conab e representantes dos produtores e da indústria, para tratar do tema ficou agendada para o dia 17 de janeiro. Após isto o ministro Blairo Maggi vai tomar a decisão quanto à realização ou não de importações do café robusta. “Esperamos que até os números representem algo mais dentro da realidade. Só assim poderemos ter um diálogo. Se não, não há motivo nem para participar de reunião”, conclui Evair.

Quanto café há com a indústria?

“Os argumentos da indústrias não se sustentam. Querem fazer com o café o que fazem com borracha, feijão, leite. E o setor não vai aceitar. Emprego nós vamos manter nas propriedades dos produtores”, afirmou o deputado. Em 2015, a exportação de café conilon através de portos do Espírito Santo foi recorde, segundo o Centro de Comércio do Café de Vitória (CCCV).

Ainda na quarta-feira, dia 11, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) apontou recorde nas exportações de café solúvel brasileiro em 2016. “Nos anos anteriores eles exportaram muito conilon porque o preço estava barato. As traders compraram matéria prima barata e agora estão interessados em abrir o mercado. Eu acho estranho trader interessado em importar café. E as indústrias não estão desabastecidas”, afirmou Evair de Melo.

Agora, o parlamentar afirma que quer cobrar transparência também das indústrias. “Por que as indústrias não abrem o número de estoques deles? Se querem transparência dos nossos estoques produtores, eu quero auditar as indústrias e traders também. Café não pode mais ter dados obscuros”, afirmou.

Segundo o deputado, para que os dados sejam consolidados, o setor produtivo vai cobrar medidas das autoridades. “Nós vamos acionar o fisco para fazer auditoria nas indústrias também. Os capixabas não aceitam nenhuma conversa sem transparência. A indústria de solúvel está abastecida até o meio do ano e daqui a 60 dias tem safra nova no mercado”, afirmou.

Pleito da indústria

A indústria de café solúvel utiliza 80% de conilon em seu blend e pleiteia a importação em regime drawback. O formato não exige cobrança de impostos, mas diretor do SINCS (Sindicato Nacional das Indústrias de café Solúvel) e da Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), Aguinaldo Lima afirma que a indústria de solúvel já apresentou propostas para chegar a um denominador comum com produtores. “Vamos fazer esse compromisso de não exceder o volume de 230 mil sacas por mês e o período seria até abril de 2017”, pontuou Lima em entrevista ao CaféPoint em dezembro passado.

Já para a indústria de torrado e moído, o Mapa informou que o pleito é de importação de 200 mil toneladas mensais, no período compreendido entre janeiro e maio, volume que seria isento da tarifa de importação. Acima disso, seria aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35%. Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, “as indústrias do Espírito Santo, garantem que não há oferta suficiente do conilon no mercado”.

Fonte: Thais Fernandes

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