Escola Família Agrícola visa manter jovens no campo
A Escola Família Agrícola (EFA) de Simonésia foi criada a partir de uma necessidade: manter os jovens no campo com o desafio de oferecer oportunidade de aprendizado sem ter que se deslocar para as cidades.
De acordo com o professor José Fernando, a experiência pedagógica direcionada aos adolescentes da área rural, inclui educação básica e profissional, formação de lideranças e prevenção do êxodo rural. Sua estrutura equivale a de um internato rural, mas o regime de frequência é diferente: o aluno passa duas semanas em estudos e a outras duas em casa (pedagogia da alternância). “A alternância busca conectar dois universos que tradicionalmente se ignoram ou mesmo competem pelo presente e o futuro do jovem do campo. Dessa forma, possui uma proposta pedagógica adequada às características da vida rural, procurando, além de fixar o homem no campo, servir como instrumento do desenvolvimento agrícola”, disse.
“O objetivo das EFAs é proporcionar aos jovens do meio rural uma educação a partir da sua realidade, da sua vida familiar e comunitária e das suas atividades. Isso é possível através da Pedagogia da Alternância. Esse projeto educativo contribui para uma experiência pessoal, proporcionando uma base de informação, partindo sempre do concreto para o abstrato (método indutivo), do prático para o teórico, do contexto sócio-político, econômico e cultural, do local para o global. O partir da realidade não significa apenas método entre as quatro paredes das Escolas, mas uma opção política, um compromisso de transformação do meio e da sociedade como um todo”, completa José Fernando.
O projeto das Escolas Família Agrícola surgiu na França, em 1935, ligado à Igreja Católica e hoje está espalhado por todo o mundo. O modelo foi implantado no Brasil em 1968 no Espírito Santo e instalada na comunidade há cerca de 3 anos, a EFA é uma extensão da Escola Família Agrícola de Conceição de Ipanema, na qual os alunos cursam o ensino fundamental e em Simonésia o Ensino Médio com a qualificação técnica em agricultura recebendo no final do curso o registro no CREA em Técnico Agrícola.
De acordo com a Secretária da Escola, Fernanda Alves, na EFA os educandos estudam a leitura, a escrita, a matemática, a tecnologia e também aprendem a trabalhar com a terra, com as plantas, os animais e a conviver e se interagir com a realidade agrícola. Em suas casas, ensinam os pais a utilizarem as novas tecnologias e a maneira mais adequada de lidar com a realidade do campo. Com a Pedagogia da Alternância há a possibilidade da aprendizagem incorporar-se na comunidade, estimular a sua conscientização política e se valorizar como ser humano, sem perder de vista as suas relações com a cidade. “A formação integral dos alunos e a promoção do meio rural são os principais objetivos da Escola Família-Agrícola (EFA), sendo que se busca como fundamental interagir escola-família, articulando esses dois ambientes como espaços de aprendizagem contínua, valorizando as informações da cultura rural e o calendário agrícola”, destaca.
As aulas são em sala ou em um ambiente, no terreno da escola. Durante o curso, os discípulos seguem um plano de estudos, compartilham com colegas e professores modelos reais de suas propriedades, assistem a palestras, freqüentam fazendas e centros de pesquisa. Antes de concluírem o curso, precisam ainda cumprir 250 horas de estágio trabalhando geralmente em propriedades e desenvolvem um projeto educacional para aplicação prática em sua propriedade agrícola. “Os filhos de agricultores após a conclusão dos estudos regressam às propriedades rurais e aplicam a contribuição dos conhecimentos construídos, dando continuidade e melhoramento na produção agrícola. Esse procedimento pedagógico permite a profissionalização do educando combatendo o êxodo rural, além disso, os alunos saem habilitados como técnicos agrícolas e com registro no CREA”, finaliza Fernanda.
A Escola Família Agrícola é mantida através de parcerias entre os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Prefeitura, Associação de pais e convênio com o Governo do Estado. A EFA também conta com a parceria da Emater que além participar na formação dos alunos oferece ainda a oportunidade de estágio para os formandos.
Em janeiro de 2017 a EFA Margarida Alves estará realizando a semana de adaptação onde alunos interessados em ingressar na escola ficam uma semana na EFA. “De 23 a 27 de janeiro do ano que vem estaremos de portas abertas a todos que queiram conhecer a nossa escola, a prioridade das vagas são para os filhos de agricultores, mas nada impede que outros alunos aptos a cursarem o 1º ano possam ingressar em nossa escola e conhecer um pouco da nossa metodologia de ensino”, completa Fernanda.
Jailton Pereira – Portal Tribuna do Leste