Prefeita eleita destaca prioridades da próxima gestão
As eleições municipais chegaram ao fim e com ela algumas novidades irão mudar o cenário político de Manhuaçu, a partir de 1º de janeiro de 2017. A começar pela eleição de Cici Magalhães ao cargo de prefeita, com 14.345 votos, o que corresponde a 41,70% da votação. Cici assumirá a administração municipal com questões urgentes para serem resolvidas e também com projetos por concluir. Em entrevista ao jornal Tribuna do Leste, ela destaca os seus planos para o mandato.
TL: Quais as prioridades de seu governo para o mandato?
Cici: É até difícil dizer quais são as prioridades, porque são todas. Hoje, eu vejo que as maiores prioridades de Manhuaçu são as áreas da saúde e segurança. São os principais problemas que enfrentamos em Manhuaçu e nas quais vamos dar mais foco, principalmente na saúde, que necessita de uma atenção especial desde a Unidade Básica quanto no Pronto Atendimento. E não somente Manhuaçu. Hoje nós somos responsáveis por uma micro região com mais de 25 cidades e nós também temos que dar prioridade a essas pessoas, pois são elas que trazem as nossas riquezas e criam nossos empregos.
TL: Como você pretende elaborar o orçamento participativo?
Cici: No próximo ano vamos iniciar as assembleias nos distritos, bairros e nas zonas rurais mais populosas. Queremos ouvir a população, visto que nosso lema de campanha foi “ouvir para governar”. Desejamos construir uma cidade aonde todas as pessoas poderão opinar. Iremos pegar o volume de orçamento para investimento, dividir pela população e dentre esses valores a comunidade irá escolher o que é prioritário. Não adianta você chegar em um distrito ou bairro e construir uma quadra, mas os moradores preferem um posto de saúde. Por isso a gente quer ouvir a população para fazer valer a vontade deles.
TL: Qual a sua avaliação da atual situação de Manhuaçu?
Cici: Eu não sou de falar mal de ninguém, nem de jogar pedra. Eu acho que a administração municipal foi infeliz pois não teve apoio político. Faltou articulação política, tanto no âmbito estadual como federal. Ela criou uma expectativa muito grande na população e não conseguiu satisfazer o que dela se esperava. Eu quero aproveitar esses três meses até o momento da posse, para começar a articular e dialogar a respeito de questões relativas ao município. Conto com a sabedoria e o entendimento deles para fazermos uma transição tranquila. E que também nos de o acesso para os recursos relativo ao orçamento do ano que vem, tanto do estado quanto do Governo Federal.
TL: O que considera como maior desafio de sua gestão?
Cici: A criação de leitos hospitalares, o rio Manhuaçu, o trânsito e a segurança pública. Fizemos uma campanha de porta em porta e notamos que nossa cidade tem muitas prioridades, que a população que vive no centro e nos melhores bairros não enxergam. Muitos lugares sem iluminação, muitas escadarias, muitos muros de contenção. E são obras caras. Por isso que o orçamento participativo vai nos dar a direção sobre o que podemos fazer. Nós não vamos chegar no dia 1º de janeiro de 2017 e com um varinha de condão fazer uma mágica. Sabemos das dificuldades que vamos enfrentar, e com a participação da população é até melhor para eles entenderem que o dinheiro não dá para fazer tudo.
TL: Manhuaçu teve mais de dez mil votos, brancos, nulos e abstenções. Como você enxerga a falta de participação dos cidadãos no processo democrático?
Cici: A população, não só de Manhuaçu, mas brasileira, está desacreditada com a política. Nós, que fomos eleitos agora, temos que fazer diferente para resgatar a confiança da população. Eu digo que quem vota branco ou nulo está deixando de exercer a sua cidadania e às vezes ajudando alguém pior. Em Manhuaçu a abstenção foi a segunda colocada, eu fui a primeira e só perdi para o branco e nulo e isso é muito triste, a população não ter vontade, ou achar que nenhum dos candidatos irá representa-los. E nós, políticos, tanto eu e Renato da Banca (vice-prefeito), que fomos os vencedores, como os que não foram eleitos temos que fazer algo maior para criar essa vontade na população de ir às urnas nas próximas eleições e escolher o que eles acharem melhor.
TL: Após eleita, você disse que não pode errar, uma vez que se sentiu injustiçada. A que se deve?
Cici: Há, mais ou menos, 17 anos, eu estava em Belo Horizonte trabalhando no Governo do Estado junto ao então Governador Itamar Franco. E naquele momento eu assumi a Prefeitura por força de uma cassação que veio de dentro da Câmara Municipal e na mão de poucas pessoas. Eu acho que o foi o maior erro que cometi na minha vida. Naquele momento eu deveria ter renunciado e não ter assumido o cargo, porque levei culpa por uma coisa que eu não fiz. Eu nunca cassei Geraldo Perígolo (Então prefeito de Manhuaçu), assumi o cargo porque era vice-prefeita e eu nunca movi uma palha nem pedi que fizessem denúncias contra ele. E no momento que começaram a fazer diversas acusações contra mim, isso perdurou por 16 anos. E eu fiz uma promessa dentro do meu coração que iria reverter isso, como estou revertendo agora. Quero, principalmente, mostrar para os meus filhos que não precisam ter vergonha de sair na rua e sintam orgulho da mãe que eles tem.
TL: A população reivindica melhorias em diversos segmentos do município, como saúde, violência, educação, e melhorias no transito. Como você irá trabalhar em cima dessas questões?
Cici: Na saúde nós já estamos trabalhando há mais de um ano. Estamos reivindicando o termino da obra do anexo do Hospital César Leite. Queremos melhorar, principalmente, a atenção básica de saúde. Eu e Renato acreditamos que, melhorando a prevenção e o tratamento o número de internações hospitalares vai diminuir. Outra prioridade nossa é a criação de leitos. É trazer para Manhuaçu a rede de Urgência e Emergência, o SAMU, o Centro de Especialidades. Temos condições tanto dentro do Governo do Estado como Federal, de trazer essas unidades para Manhuaçu. A gente sabe das dificuldades financeiras do país e que nada será fácil, mas vamos lutar até o último momento para alcançar as melhorias necessárias. Quanto à segurança, eu já entrei em contato com os deputados da base do Governo para conseguirmos, pelo menos em cada distrito, um posto de policiamento. Você vê Dom Correa, Sacramento, que está a mais de quarenta quilômetros de Manhuaçu, e não tem um policial. Então, fica fácil para os bandidos chegarem e fazer famílias reféns, principalmente na zona rural. E o problema do nosso lixo e saneamento, além do nosso rio. Temos que educar melhor a nossa população e fazer com que eles também tenham comprometimento e sejam atores nesse processo.
TL: Outra situação se refere aos mananciais de Manhuaçu. O que será desenvolvido em relação a eles?
Cici: Queremos ouvir e ser parceiros, principalmente do CMDRS (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável), para começamos a proteger nossas nascentes, construir mais caixas de contenções nas estradas rurais, mas com projetos elaborados em parceria com a EMATER, que também será um órgão no qual pretendemos aumentar o efetivo em Manhuaçu, junto a Secretaria de Estado de Agricultura. O cuidado com as nascentes irá, consequentemente, causar um impacto melhor no rio Manhuaçu. Mas é como eu disse anteriormente, essas ações devem ser aplicadas com o apoio da população, pois eles tem que ser parceiros. Não adianta tentar salvar as nossas nascentes se o povo continuar jogando lixo no rio. Só vejo uma forma de alcançar esse objetivo, realizar um trabalho educativo nas escolas e enquanto não houver uma punição, a população não se conscientizará de que tem um papel principal na ajuda de melhoria do rio e nascentes, pois o município não é obrigado a fazer tudo sozinho.
TL: As pessoas reclamam da quantidade de lixo nas ruas. O que você pretende fazer para melhorar essa questão?
Cici: Tem bairros e distritos que com uma semana não dá para fazer limpeza. A população também tem que ser parceira. Temos que tirar urgentemente aquele depósito de lixo que eles chamam de reciclagem, mas que na verdade não existe. Fomentar as cooperativas de catadores para sermos parceiros. Mas em primeiro lugar temos que criar, talvez um consórcio, para destinação do lixo de nossa região. Aquele lugar é um depósito de lixo que está dentro da cidade e traz chorume pra região da rodoviária, bairro Santa Terezinha, região do Engenho da Serra, e essa situação é caso de saúde pública. Quando chove, aquelas impurezas do lixão vem para a área habitada, colocando a nossa população em risco.
TL: Sobre o Terminal Rodoviário, como você encara essa questão?
Cici: É um assunto que foi muito abordado durante a campanha em vários debates e entrevistas. Às vezes eu deixei de falar muito porque é uma decisão que tem que ser tomada com uma audiência pública. Se a gente chegar e tirar a rodoviária daquele local, vamos causar um impacto muito grande no comércio que vive em torno do terminal. É um comércio forte, que possui lojas agrícolas e de varejo. Existe também a situação dos Camelôs, a gente não pode desprezar aquelas pessoas pois eles dependem daquele trabalho. Por isso, temos que sentar com todo mundo, ouvir e achar uma saída melhor. Acredito que em um primeiro momento devemos ter uma rodoviária fechada e um policiamento mais ostensivo, só pessoas que tem bilhetes e estão embarcado e desembarcando devem ter acesso ao pátio do terminal, que também deve contar com uma catraca e uma pessoa para fiscalizar essa situação.
Danilo Alves
Fotos: Lívia Ciccarini