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Coleta seletiva: entidades buscam melhorar os serviços em Manhuaçu

coleta-seletiva-frente-3Com o aumento da produção de resíduos nos centros urbanos, o lixo passou a refletir a devastação a que é submetido o meio ambiente. É fato, cada vez maior, o uso indiscriminado de produtos descartáveis, que proporcionam um aumento significativo no volume de lixo gerado nos centros urbanos. Estes resíduos, secos e úmidos, provavelmente irão poluir o solo, a água e o ar, se não tiverem uma destinação adequada. Paralelamente, também pode expressar a possibilidade da vida em harmonia, que se torna viável por meio da busca de um novo método de produção e consumo, entre outras palavras, a coleta seletiva.

A coleta é a seleção diferenciada de resíduos que foram previamente separados segundo a sua constituição ou composição, ou seja, resíduos com características similares são selecionados pelo gerador (que pode ser o cidadão, uma empresa ou outra instituição) e disponibilizados para a coleta separadamente. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a implantação da coleta seletiva é obrigação dos municípios e metas referentes à coleta seletiva fazem parte do conteúdo mínimo que deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos dos municípios.

Em Manhuaçu, entidades cientes de suas responsabilidades em buscar alternativas quanto a redução do impacto ambiental causado pelo lixo, vem desenvolvendo a coleta seletiva no município através da implantação de programas de Educação Ambiental. A implantação da coleta seletiva é uma iniciativa do SAMAL (Serviço Municipal de Limpeza Urbana), a ONG Pró Rio Manhuaçu, a ASCAMARE (Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis), e a Germinar Consultoria, com o apoio do Centro Mineiro de Resíduos e Recicláveis e acompanhamento da Terceira Promotoria Pública da Comarca.

Após o trabalho realizado dentro da área que vai receber o projeto piloto da coleta seletiva, no qual a comunidade foi informada a respeito da separação dos resíduos escolhidos pela ASCAMARE e o que continuaria sendo retirado pelo SAMAL, as entidades deram início, no dia 19 de setembro, a coleta seletiva no município. A partir de agora, ocorre a fase de experimentação, tendo em vista que são métodos novos para toda a população. Algumas estão mais informadas e demonstram interesse pela iniciativa. Outras possuem dúvidas acerca da coleta, não acreditando que seja a melhor solução para o município, segundo Aparecida Sales, da Germinar Consultoria.

Aparecida afirma que os membros da ASCAMARE, um dos órgãos responsáveis pela coleta, também colaboram com informações prestadas a comunidade. Um material informativo foi elaborado e está sendo distribuído a moradores da área piloto, com o intuito de organizar os dias de coleta dos lixos seco, realizado pela ASCAMARE e do úmido, praticado pelo SAMAL. Aparecida Sales informa que o material informativo, em um primeiro momento, contém apenas os dias de coleta, sendo necessário a adequação de informações futuras quanto a informações mais exatas do horário em que a ASCAME irá passar recolhendo o lixo. Outra alteração no material contendo as diretrizes da coleta seletiva refere-se à atuação do SAMAL, sendo necessária a implantação de uma rota com horários mais bem definidos, mesmo que haja um atraso ou outro, para que o lixo não fique exposto na rua. “É uma fase de experimentação para futuramente melhoramos a coleta seletiva. Temos feito observações, queremos contribuições, estamos criando um espaço dentro do Facebook para que as pessoas possam interagir de forma harmoniosa conosco, sem xingamentos ou ofensas. Aceitamos críticas construtivas, mas de forma educada. Também pretendemos trabalhar em parceria com o comércio e apoiar de forma irrestrita o trabalho dos catadores de materiais recicláveis, oferecendo toda a estrutura para que façam o seu serviço com segurança e aprimoramento”, disse.

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A problemática dos resíduos sólidos configura um dos problemas mais complexos da atualidade. A coleta seletiva aparece como uma das alternativas capazes de minimizar os impactos causados pela má disposição dos resíduos sólidos no meio ambiente. Implementação de programas de coleta seletiva tem um papel fundamental para o equacionamento dos impactos que os resíduos sólidos domiciliares provocam no ambiente e na saúde dos cidadãos. “As consequências da disposição inadequada do lixo no meio ambiente são a proliferação de vetores de doenças, a contaminação de lençóis subterrâneos e do solo pelo chorume (líquido escuro, altamente tóxico, formado na decomposição dos resíduos orgânicos do lixo) e a poluição do ar, causada pela fumaça proveniente da queima espontânea do lixo exposto. Dentro desse quadro, a coleta seletiva de lixo aparece não como a solução final, mas como uma das possibilidades de redução do problema. Portanto, “é fundamental que todo esse material seja tratado adequadamente, evitando danos ao meio ambiente e à saúde humana. Neste contexto, a gestão integrada da coleta seletiva aparece como solução para a situação dos resíduos”, esclarece Aparecida Sales.

Acabar com os lixões

Essa meta, uma das mais incisivas da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, vem sendo adiada e adiada constantemente. Em 1981, quando o Brasil aprovou sua primeira política de meio ambiente, já estava definido que lixões são fonte de poluição e, portanto, deveriam ser fechados e substituídos por aterros sanitários e reciclagem. Mais de 15 anos depois, a lei que definia os crimes ambientais tipificou lixão como crime. Mas nada foi feito e ninguém foi responsabilizado. Em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos colocou um prazo final: agosto de 2014. Entretanto, o aterro controlado de Manhuaçu ainda continua sendo motivo de preocupação, tanto por parte das entidades envolvidas na coleta seletiva, quanto para a população.

Importância da coleta

O cirurgião dentista e representante da ONG Pró Rio Manhuaçu, Keller Filgueiras, reitera que a coleta seletiva é uma das etapas mais importantes da reciclagem, pois é na seleção dos materiais que se inicia todo o trabalho. Ele comenta que a “coleta seletiva funciona também como um processo de educação ambiental, na medida em que sensibiliza a comunidade sobre o problema do desperdício de recursos naturais e da poluição causada pelo lixo”.

De acordo com Keller, há regras específicas para a coleta de pilhas, baterias e lixo hospitalar. As pilhas e baterias devem ser descartadas em local adequado para que não causem contaminação do solo. Geralmente, lojas de equipamentos eletrônicos e vendas de celulares, realizam este tipo de coleta. Já os lixos hospitalares, também merecem tratamento especial, uma vez que se trata de material altamente infectante.

Ele destaca a participação da ASCAMARE e o seu papel de estruturar uma coleta seletiva porta a porta. Para isso, Keller acrescenta que a população de Manhuaçu se mostre mais acessível a esses profissionais, “tendo em vista que eles provam que é possível nos organizarmos para garantir um planeta mais saudável para as próximas gerações”.

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Danilo Alves

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